Corte de gastos vai poupar R$ 327 bilhões até 2030, prevê governo federal
Coletiva com cinco ministros revelou detalhes do pacote de corte de gastos anunciado na última quarta pelo líder da Fazenda, Fernando Haddad
O governo federal anunciou, nesta quinta-feira (28), que o pacote de corte de gastos divulgado pelo ministro Fernando Haddad na última quarta deverá poupar R$ 327 bilhões entre 2025 e 2030. Os detalhes das medidas fiscais foram revelados em coletiva realizada com cinco ministros no Palácio do Plananto.
De acordo com a gestão federal, o pacote de contenção de gastos tem impacto previsto de R$ 71,9 bilhões entre 2025 e 2026.
O principal objetivo das medidas, segundo Haddad, é garantir a sobrevivência do arcabouço fiscal, aprovado em 2023. O cálculo considera revisão de regras no Imposto de Renda, salário mínimo, aposentadoria de militares e abono salarial, entre outras políticas públicas.
Participaram da coletiva os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Secom).
Haddad abriu o evento afirmando que as medidas não se relacionam diretamente com a reforma da renda, que será enviada para discussão no Congresso em 2025.
"Não queremos confundir o tema reforma tributária com o tema de medidas que visam a reforçar o arcabouço fiscal", afirmou o ministro.
O governo deve enviar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e um Projeto de Lei (PL) ao Congresso Nacional.
De acordo com a equipe econômica, a PEC deve ter um impacto de R$ 11,1 bilhões em 2025, aumentando progressivamente até 2030, quando deve chegar em R$ 28,4 bilhões.
Já o PL estima economia de R$ 11,7 bilhões em 2025, crescendo de forma progressiva até 2030, quando baterá R$ 44,5 bilhões.
Para entrar em vigor, as medidas dependem de aprovação da Câmara dos Deputados e do Senado. A expectativa do governo é que as matérias sejam aprovadas até o fim deste ano.
Medidas incluídas na PEC
- Limitação do abono salarial para R$ 2.640 e início de período de transição até o limite de 1,5 salário mínimo, que passará a ser o teto;
- Emprego de até 20% da complementação do Fundeb e ações para criação e manutenção de matrículas em tempo ingegral da educação básica;
- Prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) até 2032;
- Autorização para ajuste orçamentário em cerca de $ 18 bilhões em subsídios e subvenções
- Correção dos repasses da União ao Fundo Constitucional do Distrito Federal pelo IPCA.
Medidas incluídas no Projeto de Lei
As medidas incluídas no Projeto de Lei são:
- Limitação do crescimento real do salário mínimo a 2,5% da inflação;
- Aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física para R$ 5 mil
- Atualização de cadastro e biometria obrigatória para usuários do Bolsa Família e outros programas sociais;
- Mudança nas regras do acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas com deficiência e idosos, focando em pessoas incapacitadas para a vida independente e para o trabalho;
- Manutenção do repasse de R$ 3 bilhões ao ano para a Lei Aldir Blanc, da Cultura, mas condicionando a utilização do uso ao ano anterior;
- Criação de idade mínima de 55 anos para aposentadoria de militares, fim da morte fictícia e transferência de pensão de militares.