Clubes da Copa do Nordeste não têm vida fácil durante surto da Covid-19

Redução salarial, demissões e férias antecipadas são alternativas para clubes nordestinos "sobreviverem" à Covid-19
Túlio Feitosa
Túlio Feitosa
Túlio Feitosa
Publicado em 25/03/2020 às 14:25
O Galo de Pajuçara abriu o placar antes do primeiro minuto, mas o Cavalo de Aço virou Foto: Foto: Divulgação/CRB


Faltando uma rodada para o fim da sua primeira fase, a Copa do Nordeste 2020 envolve times com vários panoramas diferentes na região nordestina. Se no Recife temos clubes se virando como pode para pagar seus funcionários, em Natal-RN, por exemplo, o ABC dispensou 30 dos seus trabalhadores considerados "não necessários" durante a paralisação.

CEARÁ E FORTALEZA

Para flexbilizar a remuneração dos atletas, o Ceará dará férias para os jogadores a partir do dia 1º de abril até o dia 20. Mesmo em quarentena, o Vozão foi um dos times que movimentaram o mercado da bola após troca de técnico. Enderson Moreira saiu para reforçar o Cruzeiro, enquanto Guto Ferreira, ex-Sport, chegou para comandar a equipe, que teve atividades suspensas no dia 17.

Já o Fortaleza, atual campeão do Nordestão, fala em redução salarial dos atletas para conter o prejuízo, mas ainda sem definição, já que há uma resistência dos próprios profissionais, junto ao sindicado dos atletas, à essa medida.

BAHIA E VITÓRIA

Férias de 20 dias também foram dadas aos atletas do Vitória devido à pandemia, a partir do dia 1º. Com o Campeonato Baiano suspenso, o Leão anunciou o fim do time de aspirantes, que disputava o Estadual enquanto o time principal participava das Copas do Nordeste e do Brasil. A medida resultou na demissão do tecnico Agnaldo Liz prevê a racionalização dos custos da equipe rubro-negra.

O Bahia, que previa um orçamento de R$ 180 milhões, já vê dificuldade para atingir a meta prevista com a paralisação. Diferente do Vitória, o Tricolor de Aço irá manter o seu time de transição, já que o presidente do clube, Guilherme Bellintani, vê o projeto como um investimento. Tanto o Vitória quanto o Bahia tiveram suas atividades suspensas na última semana.

A boa notícia para o Bahia, é que a CONMEBOL autorizou o adiantamento de 60% da premiação da segunda fase da Sul-Americana, que equivale a US$ 375 mil (cerca de R$ 1,9 milhão). O tricolor de aço poderá adiantar US$ 225 mil (R$ 1,14 milhão) dessa renda para ajudar nos custos do clube.

ABC E AMÉRICA-RN

O ABC tomou uma decisão crítica no meio das paralisações. Demitiu 30 funcionários que, segundo o próprio clube, não teria funções "úteis" durante a quarentena, já que estariam em casa. Ainda de acordo com o ABC, a medida foi tomada após impacto financeiro causado pela Covid-19 e que os funcionários teriam os direitos do seguro desemprego para auxiliar grande parte dos demitidos. O clube também não descartou recontratar os dispensados futuramente.

Já no América-RN, demissões em massa não é alternativa para o clube no momento. A diretoria está enxugando o quadro de funcionários de forma cautelosa desde dezembro, quando assumiu a gestão. Uma medida rigorosa só chegará a ser tomada caso a temporada não volte até o mês de abril. A redução de 25% do salário, prevista na CLT, é uma alternativa para o clube alvirrubro.

CSA E CRB

Tanto o CSA quanto o CRB suspenderam suas atividades na última semana e recomendaram cartilhas de exercícios para seus atletas seguirem em casa. Mas há um contraste na situação dos clubes. Enquanto o presidente do Azulão fala sobre dificuldades financeiras devido à paralisação, o Alvirrubro alagoano aproveitou a pausa para regularizar os novos reforços para a temporada.

As equipes alagoanas seguem na incerteza de que o Campeonato Estadual será cancelado. O presidente da federação, inclusive, teve que desmentir um boato sobre o assunto e reforçou a ideia de que a competição será finalizada.

BOTAFOGO-PB E CONFIANÇA-SE

O Botafogo-PB está procurando fazer um acordo salarial com os atletas que sejam bom para as duas partes. Como os cofres do clube paraibano também foi prejudicado com a paralisação, a busca por um "meio termo" é o ideal para a diretoria. Esse tipo de acordo vem sendo feito em âmbito nacional entre a comissão de clubes e Fenapaf (Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol).

O Confiança, de Sergipe, prorrogou a suspensão das atividades do clube para o dia 30 deste mês. Mas panorama recente do coronavírus no país pode fazer com que o clube aumente o prazo ou entre no acordo de férias antecipadas com os atletas. Menos mal para o Dragão Azulino que teve prazo aumentado pela Procuradoria da Fazenda para pagamento de dívida equivalente a R$ 1,08 milhões para a União.

IMPERATRIZ-MA E RIVER-PI

Até a terça-feira da última semana (17), os treinos normais estavam mantidos para o Cavalo de Aço, mas a medida foi alterada no dia seguinte. O Imperatriz soltou uma nota suspendendo todas as atividades do clube e recomendando que todos fiquem em casa.

Seguindo o exemplo de, praticamente, todos os clubes da região, o River também suspendeu as atividades na última semana. A equipe piauiense, que não estava bem dentro de campo tanto no Nordestão quanto no Estadual, ainda precisa enfrentar processo judicial contra Adálio, ex-zagueiro do clube que está cobrando três meses de salário atrasado.

CLUBES DA SÉRIE B

Todos os 20 clubes da Série B do Campeonato Brasileiro, incluindo os nordestinos Náutico, Confiança, Vitória-BA, CRB, CSA e também o Sampaio Corrêa, entraram em um acordo em conjunto para apresentar aos atletas a proposta de férias coletivas de 20 dias, podendo prorrogar até 30 dependendo da situação da pandemia. Sobre a situação salarial, o comunicado fala sobre os clubes não medirem esforços para pagar integralmente o mês de março para os atletas, mas que a redução de 25% sobre salário dos jogadores, membros da comissão técnica e funcionários é um caminho a ser tomado caso a paralisação continue após as férias coletivas. Ainda não houve um retorno dos atletas acatando ou contestando o acordo.

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