O Ministério Público da Suíça planeja encerrar um dos dois processos criminais abertos contra o ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, por suspeita de crimes de corrupção enquanto dirigia a entidade máxima do futebol mundial.
O gabinete do procurador-geral da Suíça confirmou neste sábado que pretende encerrar uma investigação que apurava irregularidades em um contrato assinado por Blatter referente à venda de direitos de transmissão no Caribe da Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil.
A decisão é o exemplo mais recente de como os casos da Fifa na Justiça suíça estão estagnados, enquanto que, por outro lado, as investigações nos Estados Unidos se mostram aceleradas, trazendo à tona novas acusações de suborno envolvendo as Copas da Rússia, em 2018, e do Catar, em 2022.
O processo criminal contra Blatter foi aberto em 2015 anos e fez com que ele renunciasse à presidência da Fifa, cargo que ocupou por mais de 17 anos. O dirigente está cumprindo uma suspensão de seis anos do futebol.
Permanece aberto um segundo processo criminal contra Blatter, instaurado por um pagamento indevido de 2 milhões de fracos suíços (cerca de R$ 10 milhões na cotação atual) feito em 2011 ao ex-vice-presidente da Fifa, Michel Platini, com recursos da Fifa, referentes a serviços prestados entre janeiro de 1999 e junho de 2002.
Os promotores disseram, por meio de um comunicado, que não poderiam estabelecer uma data para encerrar a investigação envolvendo Blatter e a União Caribenha de Futebol (CFU, na sigla em inglês).
Na época em que o contrato foi assinado, a CFU era dirigida por Jack Warner, que também foi presidente da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf) e vice-presidente da Fifa. Esses direitos foram vendidos a uma emissora de televisão jamaicana, com lucro de cerca de 20 milhões de dólares (R$ 102 milhões).
Em 2015, a procuradoria suíça afirmou que o contrato "foi desfavorável à Fifa". Segundo os promotores, havia a suspeita de que Blatter teve "gestão desleal" e agiu "contra os interesses" do órgão que rege o futebol mundial.
O acordo sobre a venda dos direitos de transmissão da Copa no Caribe foi cancelado em 2011, após a renúncia de Warner da vice-presidência da Fifa, cuja comissão de ética, em 2015, decidiu banir para sempre o dirigente trinitino de qualquer atividade relacionada ao futebol. No mesmo ano, ele chegou a ser preso, mas conseguiu deixar a cadeia mediante o pagamento de fiança.
No ano passado, Warner foi condenado pela justiça norte-americana a pagar uma indenização de US$ 79 milhões (cerca de R$ 400 milhões, na cotação atual) pelo seu envolvimento em um dos vários escândalos de corrupção que estremeceram a Fifa.
Libertado da prisão antes do fim da pena por ser do grupo de risco do novo coronavírus, José Maria Marin chegou no Brasil no dia 30 de março. O ex-presidente da CBF, de 87 anos, desembarcou no Aeroporto de Viracopos, em Campinas.
Ele estava preso desde o fim de maio de 2015, inicialmente na Suíça e depois nos Estados Unidos (parte da prisão foi domiciliar), onde foi condenado por corrupção. Assim, ficou cerca de cinco anos afastado do País.
No Estados Unidos, o ex-presidente da CBF foi acusado de receber mais de 3,3 milhões de dólares em propinas de empresas de marketing esportivo.
Após a prisão e a condenação, José Maria Marín foi também banido do futebol pela Fifa, em abril de 2019. O brasileiro foi o primeiro dirigente do futebol condenado no escândalo Fifagate e multado em um milhão de francos suíços.