Técnico do Newcastle afirma que é mais perigoso ir ao supermercado do que jogar futebol

Steve Bruce não teme os riscos de contaminação se forem aplicadas rigorosas medidas sanitárias para proteger os atletas
AFP
Publicado em 17/05/2020 às 14:56
INGLATERRA Joelinton, que completou 25 anos no último sábado, defende o Newcastle na Premier League Foto: Newscastle/ divulgação


O técnico do Newcastle, Steve Bruce, insistiu neste domingo (17) na retomada da Premier League inglesa em final de junho, afirmando que é mais perigoso ir ao supermercado do que jogar futebol. Contudo, Bruce alertou que os jogadores "poderão cair como um castelo de cartas" por causa de lesões se não houver tempo suficiente para que se preparem fisicamente antes de um eventual reinício da competição.

Bruce não teme os riscos de contaminação se forem aplicadas rigorosas medidas sanitárias para proteger os atletas. "É provável que seja mais perigoso ir ao supermercado ou colocar gasolina no carro", ironizou o técnico. "Temos sorte, seremos testados a cada três dias", completou.

Bruce, porém, se mostrou mais preocupado com os riscos de lesões, após um período longo de inatividade. "A maioria dos técnicos tem a mesma preocupação. Precisamos de pelo menos seis semanas. Não vejo como os jogadores poderiam voltar a jogar antes do fim de junho", comentou o técnico neste domingo ao jornal "Sunday Telegraph".

O governo britânico cogita permitir a retomada da Premier League com portões fechados a partir de 1º de junho e a Premier League busca soluções para disputar as últimas 92 partidas que faltam para concluir a temporada, suspensa desde março devido ao coronavírus. Os clubes ingleses se reunirão nesta segunda-feira (18) para aprovar um protocolo sanitário que permita iniciar os treinos na terça-feira (19), respeitando as medidas de distanciamento físico impostas na Inglaterra, país mais afetado pela pandemia na Europa com cerca de 35.000 mortes.

O Newcastle não joga desde 7 de março, um fato preocupante para Bruce, ex-jogador do Manchester United: "É preciso lembrar que os jogadores ficaram oito semanas parados, o que provavelmente é a parada mais longa que tiveram na carreira".

O atacante Raheem Sterling, do Manchester City e da seleção inglesa, concordou com Bruce na necessidade de dar aos jogadores um período adequado de preparação: "Não dá pra voltar a jogar com só duas semanas de treino", declarou em seu canal no Youtube. "São necessárias quatro ou cinco semanas completas, especialmente se quando voltar você já vai estar competindo por pontos", completou.

A vontade de retomar o campeonato não é unanimidade entre os jogadores, divididos entre aqueles que temem o vírus e os que querem voltar a jogar. O atacante Wayne Rooney, ex-astro do Manchester United, hoje no Derby County (2ª divisão), garantiu ao "Sunday Times" que "a preocupação não é tanto com nós mesmos, que sempre temos o risco de uma lesão, mas sim de levar o coronavírus para casa e infectar as pessoas em nossa volta. A vida das pessoas está em risco".

O ex-capitão da seleção inglesa criticou o fato das autoridades do futebol inglês não terem consultado os jogadores sobre a questão da volta do futebol. "Algo que me surpreendeu é o pouco que se importam com nossas opiniões. A Premier League se comprometeu com os jogadores (a pedir suas opiniões), através de técnicos e capitães. Mas eu, como capitão do Derby, não recebi qualquer ligação para perguntar o que opinam os jogadores do Derby sobre uma possível volta" da temporada, revelou Rooney.

A Alemanha se tornou no sábado (16) o primeiro grande país europeu de futebol a retomar seu campeonato, adotando um modelo que Espanha, Inglaterra e Itália pretendem copiar para concluir suas temporadas. Os três países aguardam o aval dos respectivos governos.

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