Com UOL Esportes.
Apesar das vitórias no futebol serem conquistadas dentro de campo, um dos fatores mais importantes para a evolução de um clube é o que pensa o clube, do lado de fora dos gramados. E cabeças pensantes, como as das diretorias de Ceará e Bahia, finalistas da Copa do Nordeste 2020, fizeram toda a diferença na forma de como as equipes estão atuando no futebol nacional atualmente. Esses, principalmente, visando um projeto de poder brigar por grandes títulos a longo prazo.
E mudanças de paradigmas dentro desses clubes permitiram uma crescente constante no que refletiu dentro de campo. Bellintani, atual presidente do Bahia, atuou como precursor da virada de chave de como atuar como gestão em um grande clube do nordeste brasileiro. Renegociação de dívidas, transparência e a mudança no estatuto do clube, democratizando a instituição Esporte Clube Bahia, foram fundamentais para o que veio se tornar a maior receita da região — atingindo R$ 176 milhões em 2019.
O Ceará segue caminho parecido, que teve uma receita próxima a R$ 98 milhões com cotas da Série A e investimento nos programas de Sócio-Torcedor e marca própria de camisa. Além de uma dívida que, comparado às de grandes clubes do eixo Rio-SP, equivale ao peso de uma pena. Nos balanços do Vozão, sua dívida é avaliada em R$ 16 milhões, enquanto as de clubes como Botafogo, Fluminense e Vasco ultrapassam os R$ 600 milhões. Hoje, o clube está na sua terceira temporada consecutiva na primeira divisão do Campeonato Brasileiro pela primeira vez na história do clube.
Mesmo não tendo chegado na decisão da Copa do Nordeste, o Fortaleza também é um dos grandes exemplos de gestão nos últimos anos. A equipe tricolor saiu de oito anos consecutivos na Série C à conquista da Segunda Divisão do Brasileirão e está se mantendo na Série A com certa propriedade. Com R$ 120 milhões de renda atingidos, o Leão do Pici chegou a ser mais lucrativo que o próprio rival alvinegro.
Segundo apuração de Marcello de Vico, do UOL Esportes, os salários em dia, há anos, também é um ponto forte nessas gestões. O Fortaleza não atrasa salários desde 2017, enquanto o Bahia, desde 2015. Já o Ceará, que costuma pagar os vencimentos com antecedência, paga seus funcionários em dia desde 2010.
Consistência essa que atraiu atletas de maior nível no futebol nacional. Os três clubes se mostraram cada vez mais presentes no mercado, montando um elenco cada vez mais capacitado para disputar grandes competições. O Bahia, que trouxe recentemente o Rodriguinho, passou por cima de outros clubes ao contratar o ex-atleta do Cruzeiro. Rossi, ex-Vasco, também foi uma das grandes contratações para a temporada.
O projeto do Fortaleza foi um atrativo a mais para o retorno de Rogério Ceni, que pôde experimentar um contraste de gestão ao atuar como treinador na equipe tricolor, sair para o Cruzeiro e, ao negar proposta do Athletico, voltar ao Fortaleza. O rival Ceará também encheu os olhos de grandes jogadores. O goleiro veterano Fernando Prass e o atacante Rafael Sóbis se integraram ao elenco do Vozão para a temporada.
"O Ceará é um clube que está crescendo e fazendo o processo certo para se diferenciar. O presidente (Robinson de Castro, do Ceará) fez o saneamento financeiro primeiro. Tem clubes que querem o contrário, resultados dentro de campo para aí arrumar o financeiro. Só que no Brasil, pelo equilíbrio que tem, tu não pode contar com o resultado dentro de campo. Mas esse é o caminho. Fez uma base financeira, organizacional, para ter capacidade real, não fictícia, de investir no futebol", disse Prass, em entrevista ao UOL.
A Copa do Nordeste é uma das grandes fontes dos clubes nordestinos no primeiro semestre de cada ano. Os olhos para essa competição, tirando a prioridade dos Estaduais, é algo comum. Isso porque as cotas do Nordestão deste ano superam os R$ 34 milhões em sua totalidade. Só por participação, o Bahia e o Ceará receberam R$ 2,2 milhões, enquanto o Fortaleza recebeu R$ 1,7 milhões. Isso sem somar com o valor recebido ao alcançar as quartas-de-finais (R$ 300 mil), semifinais (R$ 375 mil) e, no caso do Vozão e do Tricolor de Aço, a final do torneio (R$ 500 mil para o segundo colocado e R$ 1 milhão para o campeão).
Os pernambucanos desembolsaram uma boa quantia com a Copa do Nordeste 2020. O Sport esteve no mesmo grupo do Ceará e Bahia, recebendo R$ 2,2 milhões pela participação, além dos R$ 300 mil por alcançar as quartas-de-final. O Santa Cruz e o Náutico receberam o mesmo valor do Fortaleza (R$ 1,7 milhões), mas a Cobra Coral se saiu melhor que o alvirrubro ao receber o mesmo valor que o Leão recebeu chegando, também, nas quartas.
E o confronto decisivo entre Ceará e Bahia contará com a cobertura ao vivo da TV Jornal, neste sábado (1º). A bola irá rolar no estádio Pituaçú, em Salvador-BA, às 16h, mas o expectador poderá acompanhar o pré-jogo da partida no Facebook da emissora. A dupla que comandará a transmissão, Aroldo Costa e Maciel Júnior, estarão a postos a partir das 15h para o aquecimento da partida.
"Essas camisas têm um grande peso na região e os times prometem fazer dois grandes jogos. Aqui na TV Jornal iremos fazer uma grande cobertura. Acompanhando todos os lances de perto, com interatividade, do jeito que o torcedor está acostumado a ver por aqui. Iremos colocar o telespectador de casa dentro do estádio Pituaçú", exaltou Aroldo Costa.