Messi, o rosto e o peso do Barcelona

Artilheiro insaciável, capitão com 33 títulos e vários recordes, seis vezes eleito o melhor do mundo, Lionel Messi jogou por mais de 20 anos em um e único time, o Barcelona, tornando-se quase grande demais para este clube, o qual agora pretende deixar
Marcos Leandro
Publicado em 27/08/2020 às 0:52
Messi tentou deixar o Barcelona para acertar com o Manchester City, mas o clube catalão vetou a transferência Foto: AFP


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Artilheiro insaciável, capitão com 33 títulos e vários recordes, seis vezes eleito o melhor do mundo, Lionel Messi jogou por mais de 20 anos em um e único time, o Barcelona, tornando-se quase grande demais para este clube, o qual agora pretende deixar.

Ícone do futebol mundial e grande nome do centro de treinamento do Barça, a 'Pulga', seu apelido, é um orgulho local e um símbolo planetário. O anúncio na terça-feira (25) da sua vontade de deixar o time em que viveu até agora toda sua vida profissional abalou os torcedores e a região da Catalunha, que imaginavam que Messi encerraria a carreira no estádio de Camp Nou.

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“O casamento de Messi com o Barça tem dado muito a ambos, muitas alegrias aos torcedores”, reconheceu o diretor desportivo da equipe espanhola, Ramón Planes. "É preciso respeitar muito o que Messi é e sua história", acrescentou.

Em 121 anos de existência do clube, talvez apenas Johan Cruyff, também eleito melhor do mundo, tenha reunido também essa aura global e raízes catalãs. Mas antes de regressar ao Barcelona como um treinador de sucesso, o holandês também não encerrou sua carreira como jogador vestindo a camisa azul e grená de um clube que não tolera bem o envelhecimento das suas estrelas.

Aos 33 anos, Messi pode já não ter a energia que o fez vencer os zagueiros como se fossem cones em todos os campos da Espanha e da Europa.

Máquina de recordes

O pequeno atacante, porém, ainda é uma máquina de driblar, marcar e quebrar recordes. É de longe o maior artilheiro da história do Barça (634 gols em 731 jogos), o maior goleador da história do Campeonato Espanhol, quem mais fez gols em um ano (91 em 2012) e o jogador com mais títulos conquistados com o Barcelona, 33 no total, incluindo quatro Ligas dos Campeões (2006, 2009, 2011, 2015).

O argentino também levou para casa seis Bolas de Ouro (troféu dado aos melhores do mundo), mais do que Cristiano Ronaldo (5), Cruyff, Michel Platini ou Marco Van Basten (3).

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Seu histórico é insuperável, individual e coletivamente. Só falta a consagração com um grande título pela seleção argentina: o campeão olímpico em 2008 esteve em campo nas derrotas nas finais da Copa do Mundo de 2014 e da Copa América em 2007, 2015 e 2016.

Depois de chegar ao Barcelona em 2000, vindo da cidade argentina de Rosário, estreou como profissional em 2004 e ao longo dos anos se transformou em ídolo. O Barcelona, que se autodenomina “mais que um clube”, tropeçou no peso deste atacante transformado em “mais que um jogador”. Um mal que tem nome na Catalunha: "Messidependência".

"A 'Messidependência' não me dá muita urticária. Em qualquer equipe, o Messi influenciaria o estilo de jogo", ironizou Ernesto Valverde, então técnico do Barça, em 2018.

Peso no vestiário

Devido à força das circunstâncias, este tranquilo jogador ganhou mais peso entre os companheiros de time, tornando-se capitão em 2018, e nos desejos do clube. Em fevereiro, Messi pediu a Eric Abidal, na época diretor esportivo do Barça, que "assumisse suas decisões" e "desse nomes" depois que o francês responsabilizou os jogadores pela demissão de Valverde.

Esta foi uma polêmicas pública que não condiz com a imagem amena do pequeno argentino, conhecido pelo gosto pelas brincadeiras leves, pela sua timidez comovente e pelo seu sorriso infantil. Traços que lhe renderam muito menos destaque na mídia do que seu grande rival, Cristiano Ronaldo.

Quando o planeta do futebol descobriu Messi, emocionou-se com a sorte deste menino que, segundo a versão consagrada, tinha problemas de crescimento e deixou Rosário aos 13 anos para encontrar um clube em Barcelona que financiasse seu tratamento médico.

Esta imagem positiva não mudou, apesar de ter sido condenado a 21 meses de prisão (pena que não teve de cumprir) e a uma multa de 2,1 milhões de euros imposta pelo Supremo Tribunal espanhol em 2017 por fraude fiscal, poucas semanas antes do seu casamento com Antonella, amiga de infância e agora mãe de três filhos (Thiago, Mateo e Ciro).

Residente em Castelldefels, uma cidade nos arredores de Barcelona, Messi parecia ter encontrado um equilíbrio familiar e profissional na Catalunha. Mas a temporada desastrosa vivida com o Barça, encerrada com a humilhação na eliminação nas quartas de final da Liga dos Campeões com a derrota por 8x2 para o Bayern de Munique, parece ter empurrado o craque para a porta da rua.

 

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