Luto

Sem Maradona, argentinos choram a morte de um ídolo: "futebol sem seu pai"

O JC conversou com argentinos para saber como está o clima no vizinho sul-americano após a morte de seu maior jogador

Douglas Hacknen
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Publicado em 25/11/2020 às 16:50 | Atualizado em 26/11/2020 às 1:07
JUAN MABROMATA / AFP
TRISTEZA Sentimento na Argentina é de desolação pela morte de Maradona - FOTO: JUAN MABROMATA / AFP

O clima de comoção tomou conta da Argentina, nesta tarde de quarta-feira (25), após a morte de Diego Armando Maradona, maior jogador da história do futebol argentino. Conterrâneos relataram o clima vivenciado no país após a triste notícia. O governo da Argentina declarou luto oficial de três dias.

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O jornalista Alberto Recanatini é torcedor do Club de Gimnasia y Esgrima La Plata. O time argentino da cidade de La Plata, província de Buenos Aires, era treinado por Maradona, que havia renovado contrato até 2021. Ao JC, o argentino relatou que é "muito forte olhar pela janela e ver as pessoas passarem pelas ruas chorando, caminhando com a camisa da (Seleção) argentina, de Diego". Emocionado, Alberto classificou o momento como histórico: "é um momento histórico, horrível e histórico", concluiu. Ele, como muitos, percorreu as ruas de San Telmo, e depositou flores em murais de Maradona. "A sensação é de que caímos num pesadelo, uma tristeza parecida como a de perder um pai, um irmão. Maradona sempre driblou até a morte, até que seu coração não tivesse mais magia."

 
 
 
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Também torcedor do Ginmasya de La Plata, o publicitário Ariel Lovotti se disse surpreso quando recebeu a notícia, e foi além, afirmando que o futebol perdeu seu pai. "A primeira sensação é que foi difícil acreditar. Tantas vezes já o vimos a ponto de morrer, internado e sempre melhorava, parecia indestrutível. A operação feita a pouco parecia sensível, mas também parecia ser mais uma das aventuras que ele iria atravessar. Foi uma surpresa, uma incredulidade no início", afirmou.

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Com a voz um pouco embargada, Lovotti continua seu relato: "Depois foi como uma sensação de desolação e um pouco... [suspiro], pelo menos para mim, para minha geração de 40 anos, é o pai do futebol". O fã completa ao afirmar que sem Maradona é como "se o futebol fosse ficar sem seu pai. Para nós (ele) é a figura mais importante", destaca a reportagem do JC.

No Twitter, o jornalista e vencedor do prêmio "Rey de Espanha" em 2018, com uma crônica sobre futebol, Juan Mascardi, fez uma publicação que emocionou os internautas. No texto, Juan - que é de Rosário, terra de Lionel Messi - lembra um pouco como é sua relação de ídolo para profissional. "Eu nunca quis entrevistá-lo. Sempre quis te abraçar. Eu te abraço, Diego. Obrigado por nos dar a maior felicidade do mundo. A tristeza não tem fim", escreveu.

Ariel Lovotti afirma que a sensação é de desamparo no futebol, especialmente para o Ginmasya de La Plata. "Ele estava dirigindo a minha equipe. Foi quando chegou a La Plata uma revolução [...] era a cabeça da nossa equipe", classificou o torcedor. "Para a cidade é como uma espécie de desolação no futebol vivo", finalizou.  

A HISTÓRIA

Nascido em 30 de outubro de 1960 em Lanús, também na província de Buenos Aires, o dono da "mão de Deus" cresceu em um bairro pobre da periferia da capital argentina, em Villa Fiorito. Maradona começou a sua carreira com 15 anos no Argentinos Juniors, clube em que foi revelado.

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Com passagens pelos times espanhóis do Barcelona e do Sevilha, na Itália, "el pibe" deixou seu nome marcado no Napoli, completando sua carreira nos clubes argentinos do Boca Juniors e Newell's Old Boys. O craque argentino disputou 676 jogos e marcou 345 gols em 21 anos de carreira entre a seleção de seu país e em clubes.

A MORTE

Maradona morreu aos 60 anos, após sofrer uma parada cardiorrespiratória em sua casa, na cidade de Tigre, na província de Buenos Aires. Campeão da Copa do Mundo de 1986, disputada no México, Maradona teve sua história marcada por momentos de genialidade e problemas com as drogas.

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A saúde foi um dos pontos que diminuíram sua carreira como jogador. Convivendo com o vício das drogas, chegando a ser suspenso enquanto era jogador, o ídolo também já havia sofrido outras paradas cardíacas. Em 2000, o argentino sofreu um ataque cardíaco devido a uma overdose. Já em 2004, Maradona teve outra crise cardíaca e respiratória que o deixou à beira da morte.

No começo do mês o craque passou por uma delicada cirurgia no cérebro.

Maradona deixa três filhas (Dalma, Gianinna, Jana) e dois filhos (Diego e Diego Fernando).

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