O tricampeão da F1 Nelson Piquet vem despertando repúdio no automobilismo mundial por ter usado um termo racista para criticar o heptacampeão Lewis Hamilton. O brasileiro usou a expressão "neguinho" durante uma entrevista publicada na internet em dezembro de 2021.
Nelson Piquet comenta sobre a batida de Hamilton com Max Verstappen na última edição do GP da Inglaterra, em julho do ano passado. O incidente ocorreu no começo da prova.
"O neguinho meteu o carro e não deixou [Verstappen desviar]. O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele foi que só o outro [Verstappen] se fodeu. Fez uma puta sacanagem", disse Piquet.
Max Verstappen é atual campeão da F1 e namorado da filha de Nelson Piquet, Kelly.
O próprio Lewis Hamilton se pronunciou sobre a fala na manhã desta terça-feira (28). "É mais do que linguagem. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e alvo de minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação", escreveu o heptacampeão no Twitter.
Lewis Hamilton tem sido a principal voz no combate ao racismo dentro da F1 nos últimos anos. O piloto vem promovendo iniciativas que buscam aumentar a diversidade dentro da F1.
Ele é fundador da Comissão Hamilton, que em parceria com a Academia Real de Engenharia Britânica, analisou as dificuldades do acesso de pessoas negras e racializadas ao automobilismo.
Também vale ressaltar que Hamilton é apaixonado pelo Brasil, tendo até o titulo de cidadão honorário do país. Em novembro de 2021, Hamilton venceu o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, em São Paulo, e repetiu o gesto do brasileiro Ayrton Senna em 1991, dando uma volta no autódromo com a bandeira nacional.
Entidades criticam racismo de Piquet com Hamilton
A Federação Internacional do Automobilismo (FIA), Fórmula 1 e Mercedes também se pronunciaram nesta terça-feira (28).
Em nota, a Fórmula 1 declarou que "a linguagem discriminatória ou racista é inaceitável sob qualquer forma e não tem parte na sociedade. Lewis é um embaixador incrível do nosso esporte e merece respeito. Seus esforços incansáveis para aumentar a diversidade e a inclusão são uma lição para muitos e algo com o qual estamos comprometidos na F1".
Já a Mercedes declarou que "condenamos nos termos mais fortes qualquer uso de linguagem racista ou discriminatória, de qualquer tipo".
"Lewis liderou os esforços do nosso esporte para combater o racismo, e ele é um verdadeiro campeão da diversidade dentro e fora da pista. Juntos, compartilhamos a visão para um automobilismo diversificado e inclusivo, e este incidente destaca a importância fundamental de continuar lutando por um futuro melhor", declarou.
O caso ganhou tamanha repercussão que até a Ferrari, equipe rival da Mercedes, se pronunciou: "Estamos ao lado da F1, Lewis Hamilton e Mercedes contra qualquer forma de discriminação".
A Federação Internacional do Automobilismo (FIA), cujo o presidente atualmente criticou o ativismo de Hamilton, também se posicionou contra o episódio.
"A FIA condena veementemente qualquer linguagem e comportamento racista ou discriminatório, que não tem lugar no esporte ou na sociedade em geral. Expressamos nossa solidariedade a Lewis Hamilton e apoiamos totalmente seu compromisso com a igualdade, diversidade e inclusão no esporte a motor".