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Vice-presidente jurídico do Náutico detalha dívida de R$ 43 milhões em reclamações trabalhistas

Náutico trabalha para reduzir valores de ações trabalhistas de ex-funcionários e ex-atletas

Gabriela Máxima
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Gabriela Máxima
Publicado em 17/11/2020 às 10:02 | Atualizado em 17/11/2020 às 10:02
JC IMAGEM
DÍVIDA ex-volante Martinez cobra do Náutico uma dívida de R$ 3,3 milhões - FOTO: JC IMAGEM

O vice-presidente jurídico do Náutico, Bruno Becker, falou em entrevista ao Fórum Esportivo da Rádio Jornal, sobre as ações trabalhistas envolvendo o clube alvirrubro nos últimos anos. São reclamações de ex-atletas e ex-funcionários que somam 395 ações e cerca de R$ 43 milhões. O dirigente disse que o valor é referente aos pedidos iniciais das reclamações, algo que pode ser reduzido ou aumentado de acordo com cada caso. Ele ressaltou também que o segredo para um clube não acumular tantas ações é priorizar uma gestão com austeridade e na hora da contratação respeitar as regras jurídicas.

Bruno Becker assumiu a vice-presidência do setor no último mês de janeiro. Ele vem trabalhando para resolver as ações trabalhistas do Náutico de gestões passadas e de atletas como Martinez e Jeal Rolt, que têm ordens nos valores de R$ 3,1 milhões e R$ 3,4 milhões, respectivamente. "Eu vou passar alguns números para vocês terem noção do que é o desafio. O clube hoje tem um passivo trabalhista baseado no valor pedido das reclamações. Esse valor é referente ao valor inicialmente pedido pelo ex-atleta ou ex-funcionário. Nem sempre se ganha e nem sempre se ganha o valor que está sendo pedido. São valores de referência. Hoje a gente tem baseado nos valores estimados cerca de R$ 43 milhões trabalhistas. De 361 processos em trâmite aqui no TRT 6 e 34 Brasil afora. Da um total de 395 reclamações trabalhistas", relatou o vice-presidente jurídico.

 

Ele completou sobre as dívidas pagas na gestão de Edno Melo e Diógenes Braga. "Na gestão de Edno já foi pago algo em torno de R$ 4.300.000,00 em três anos. Se você dividir pelo tempo da gestão, dá mais de R$ 1 milhão por ano. Some-se a esses valores de demandas trabalhistas pagos em acordos, nós ainda pagamos R$ 570 mil de processos oriundos da CNRD, os mais recentes foram de um ex-treinador e assistente técnico. Pagamos mais de R$ 500 mil da esfera cível. Então quando se junta isso dá uma folha paralela imensa, que poderia ser revertido para setores do clube, especialmente para o futebol. Mas não podemos deixar de pagar", observou.

Martinez e Jean Rolt

O dirigente citou casos como os de Martinez e Jean Jolt, que têm ações que giram em torno de R$ 3,4 milhões e R$ 3,1 milhões, nessa ordem. "Hoje temos reclamações trabalhistas na ordem de R$ 3,4 milhões que é a ação de Jean Rolt, a ordem de Martinez que é de R$ 3,1 milhões. Muito antigo. São ações trabalhistas antigas, de cinco, seis ou sete anos atrás, que na hora de dispensar o atleta tivesse o cuidado de fazer um acordo que tivesse dentro do orçamento do clube e que se pagasse. A gestão de Edno e Diógenes, que vai completar três anos, tem três reclamações trabalhistas de valores irrisórios e que algumas elas quando o clube entende que houve algum erro ou equívoco se busca o acordo e outros a gente vai defender. É um número mínimo em relação ao número de atletas e funcionários e que não se deixa arrastar por muito tempo. Se faz acordo e se paga.

Para evitar que as dívidas se acumulem ainda mais, Becker falou que é necessário cuidado e respeito às regras jurídicas na hora da contratação de funcionários e atletas. E que uma por mais que uma gestão apresente orçamento enxuto sempre haverá reclamações nesse sentido.

"Mais do que o segredo estar na demissão, o segredo está na contratação. Porque existem várias regras jurídicas que precisam ser seguidas. Se quando na contratação essas regras não forem observadas isso já gera passivo. Nem sempre se consegue pagar. Isso vai virando uma bola de nele. Se a gente pegar os casos de Jean Rolt e MArtinez, os valores são muito menores do que está se cobrando agora. Não tem como baixar porque são processos que estão em fase de execução. Cabe acordo. Acordo cabe sempre. Como foi feito recentemente com Ricardo Berna, que também era um processo da ordem de R$ 2.7 milhões e a gente fez um acordo reduzindo praticamente 50% o valor do débito e dividindo com gatilhos. Não tem outra saída. É seguir austeridade", finalizou.

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