Apesar de ter uma vasta carreira no futebol, o zagueiro Célio Santos chegou ao Santa Cruz como desconhecido para o torcedor coral. Afinal de contas, nos seus 13 anos como profissional, 11 deles foram atuando no exterior. Ao todo, o defensor de 32 anos, revelado pela Ponte Preta, jogou por nove clubes em países diferentes até chegar ao Tricolor do Arruda. Em suas andanças pelo mundo, Célio Santos, que só disputou duas partidas com a camisa coral (diante de Central e Freipaulistano), atuou por equipes da China, Portugal, Moldávia, Ucrânia, Romênia, Irã, Emirados Árabes, Coréia do Sul e Tailândia.
A reportagem do Jornal do Commercio conversou com o zagueiro tricolor para saber um pouco mais de sua trajetória, curiosidades pelos países que atuou, período de inatividade de dois antes até chegar o Santa Cruz, primeiras impressões do clube, perspectiva para a Série C, hobby de DJ e como tem feito para manter o condicionamento físico nesse momento de isolamento por conta do coronavírus.
Minha carreira foi em sua maioria fora do País. Comecei na base da Ponte Preta e, depois, meu primeiro clube fora do Brasil foi na China (Shaanxi Zhongjian). Foi lá onde tudo começou. Desde então, passei por nove países diferentes: Portugal (Belenenses), Ucrânia (SC Tavriya), Moldávia (FC Dacia), Emirados Árabes (Al-Shaab), tive uma experiência nesse período no Avaí, de seis meses (em 2016). Depois retornei para a Ásia de novo, fui para a Coréia do Sul (Ulsan Hyundai), logo em seguida para a Tailândia (Muangthong United). Agora estou aqui no Santa Cruz.
Onde tive mais dificuldade foi na China. Não sabia falar mandarim e nem muito bem o inglês. A alimentação lá, há 12 anos, é bem diferente de hoje em dia, que tem muitos estrangeiros por lá e a alimentação mudou um pouco (mais opções). Já o país que mais gostei de morar foi a Tailândia. Clima muito parecido com o Brasil, a alimentação é boa, não é tão diferente, só um pouco apimentada, mas é boa. Já a nível de futebol, ninguém acredita nisso, o melhor com certeza foi o Irã, mas pra viver não é tão bom assim.
Lá na Tailândia eu tive uma lesão (no joelho), mas que não precisava operar. O clube estava disputando a Champions League da Ásia, jogos importantes, e comecei a tomar anti-inflamatórios para poder jogar em prol do clube. Isso acabou agravando a minha lesão e fui deixando passar, fui deixando, e fiquei um período de cerca de seis meses tentando jogar. Ia num jogo e no outro não (por conta das dores). Decidi operar e, quado voltei, acabou meu contrato. Fiquei um tempo em casa esperando outro clube do mesmo nível e não apareceu nada devido a lesão que tive. Me recuperei bem e vim parar no Santa Cruz.
Essa avaliação que passei no Santa Cruz foi justamente pelo fato de ficar esse tempo sem jogar (duas temporadas) e também porque o pessoal não me conhecia, meu jeito de jogar, porque fiquei muito tempo fora do Brasil. Quando chegou a proposta do Santa, eu acreditei no projeto e que daria certo a minha vida. A primeira impressão que tive do clube foi muito boa, da comissão técnica, da diretoria, todos me trataram muito bem. Fiz o período de teste, o professor (Itamar Schulle) me avaliou e depois de uma semana teve a conclusão dele. Esperamos mais tempo só por conta da questão burocrática de documentação. Por isso demorou um pouco mais para ficar à disposição e estrear.
Até agora foram dois jogos só. Um praticamente entrei no começo do jogo, com apenas cinco minutos (contra o Central). Nem eu esperava que o nosso jogador (Denílson) seria expulso tão cedo, mas eu estava preparado psicologicamente e fisicamente também. Naquele jogo, a situação era de defender. Não precisava atacar muito, até porque a gente estava com um a menos. Já no segundo jogo (Freipaulistano), o professor me deu a oportunidade de jogar na lateral (esquerda) que eu já tinha atuado antes. A minha preocupação maior era se aguentaria os 90 minutos, porque na lateral exige mais da parte física. Estava bem, aguentando a partida, até que dei um pique a mais e senti o adutor da coxa. Mas no modo geral, fico feliz que a torcida gostou e tem aprovado dentro do elenco do Santa Cruz.
Quando tive a lesão já estava fazendo trabalho quatro vezes por dia para voltar o mais rápido possível: fisioterapia e treino no clube e em casa. Logo que fiquei 100% clinicamente, pronto para iniciar a transição, teve a paralisação do futebol por conta do coronavírus. E pensei: 'não posso parar'. Até porque não sabia se poderíamos voltar em 10, 15 dias... Tinha de estar preparado. Eu já estava acostumado a treinar em casa, no período que fiquei mais de um ano parado, só treinando a parte física. Aqui no condomínio que estou (no Recife) a academia foi fechada, o campinho também, mas treino em casa, no estacionamento, na rua, o importante é não parar e seguir treinando. Tenho a ajuda da minha esposa, ela está estudando educação física e elabora os meus treinos. Então acordo e já pergunto pra ela qual o treino do dia. Ela bola uns treinos e a gente sempre faz.
Com relação a férias coletivas, minha opinião quanto a isso é que a gente deveria esperar um pouco mais, umas duas semanas, para tomar uma decisão dessas mais drástica que é de férias coletivas.
Fazendo uma análise desde que cheguei ao Santa Cruz, temos um elenco que dá pra chegar sim (ao acesso). Claro que precisamos de algumas peças para reforçar, como todos já sabem. Mas, se Deus quiser, chegando essas peças importantes, conseguiremos esse acesso à Série B ao final do ano.
No meu tempo livre, inclusive nos dias de jogos também, gosto de escutar muita música. Ela deixa a gente mais relaxado, eleva o clima do vestiário antes dos jogos. E, fora de campo, em casa, estou sempre escutando música, com o som ligado. Ano passado eu comecei a me aventurar aí nessa onda de DJ, mas é só um hobby que eu tenho mesmo.
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