Historicamente, o Santa Cruz é um time marcado por ter bons ataques, com um centroavante matador que se torna ídolo da torcida pelos vários tentos marcados, seja em anos de conquistas ou não. Porém, ter uma defesa ajustada, que não é tão característico das equipes montadas pelo Tricolor, é um dos grandes passos para ter períodos vitoriosos. Apesar de estarmos ainda no começo de 2020 - onde as competições acabaram interrompidas pela pandemia do novo coronavírus -, o sistema defensivo coral alcançou sua melhor marca nas últimas 10 temporadas. No mesmo recorte dos 17 jogos disputados até o momento da paralisação, o clube sofreu apenas 10 gols e não foi vazado em 10 confrontos. Mérito da formação de uma marcação sólida e bem postada, pregada pelo técnico Itamar Schulle desde que chegou ao Arruda.
O atual desempenho se assemelha somente ao de 2017, quanto o Santa Cruz iniciou aquela temporada comandado por Vinícius Eutrópio. Na ocasião, o Tricolor também havia sofrido a mesma quantidade de gols, mas ficou um jogo a menos sem ter as redes balançadas, nove duelos ao todo. Apesar de um bom começo de ano em questão de resultados, o futebol apresentado sempre foi contestado pela torcida, já que possuía um elenco com mais opções e o clube estava na Série B, tendo sido rebaixado da Primeira Divisão na temporada anterior.
Diferentemente deste ano, em que o Mais Querido amarga mais a Terceirona outra vez, ainda apresenta um déficit no elenco em alguns setores, como a lateral esquerda e as pontas, e mesmo assim consegue ter boas atuações. Através dessa avaliação, é possível dizer que Itamar Schulle faz um bom trabalho no Santa Cruz, aliado aos números que o embasam, além das poucas peças disponíveis no plantel para uma maior variação de jogo.
Se for possível resumir os principais pilares para esse bom desempenho, podemos elencar o goleiro Maycon Cleiton, os zagueiros Danny Morais e William Alves, além do volante Bileu. Peças-chave que contribuíram diretamente para que tais números fossem alcançados. O arqueiro coral é uma das principais surpresas em 2020. Ganhou a posição nos treinos, principalmente após o Tricolor saber que não poderia contar mais com Tiago Cardoso, que se aposentou por conta de dores crônicas no joelho. No clube desde 2018, quando chegou para os juniores, Maycon foi se destacando e até integrou o elenco profissional na temporada passada. Mas agora é que realmente veio a oportunidade e ele tem feito jus à confiança que recebe.
A dupla de zaga experiente se manteve com relação ao último ano. Havia dúvidas quanto a possibilidade de Danny Morais e William Alves jogarem juntos, por serem atletas mais lentos, mas o encaixe aconteceu e ambos tem se destacado na função. Na cabeça de área, Bileu consegue dar um bom suporte defensivo e é o "carregador de piano" do time, auxiliando bastante na sustentação defensiva. Vale a menção honrosa para o volante Paulinho, que joga um pouco mais avançado, e o prata da casa André, que tem agradado ao torcedor e ao treinador nos jogos e nos treinamentos.
2020 - 17 jogos, 10 gols sofridos e 10 clean sheets*
2019 - 17 jogos, 16 gols sofridos e 7 clean sheets
2018 - 17 jogos, 17 gols sofridos e 5 clean sheets
2017 - 17 jogos, 10 gols sofridos e 9 clean sheets
2016 - 17 jogos, 16 gols sofridos e 6 clean sheets
2015 - 17 jogos, 17 gols sofridos e 7 clean sheets
2014 - 17 jogos, 17 gols sofridos e 6 clean sheets
2013 - 17 jogos, 15 gols sofridos e 8 clean sheets
2012 - 17 jogos, 19 gols sofridos e 6 clean sheets
2011 - 17 jogos, 15 gols sofridos e 7 clean sheets
* = Clean sheet é um termo inglês usado para representar os jogos em que o time não foi vazado.