ELEIÇÕES

Confira os prós e os contras de quem assumir à presidência do Santa Cruz

Eleições do Tricolor estão marcadas para esta quarta-feira (10)

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LOURENÇO GADÊLHA

Publicado em 09/02/2021 às 7:03
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O próximo presidente do Santa Cruz será escolhido nas eleições marcadas para esta quarta-feira (10), na sede do clube. No pleito, Roberto Freire será o candidato da situação, encabeçando a chapa “Tradição de vitórias, crescimento e união”. Joaquim Bezerra é o candidato do grupo de oposição "Pró Santa", enquanto Josenildo Dody é o postulante da chapa "A Voz da Arquibancada". Independente de quem sair vencedor, não serão poucos os problemas que o mandatário eleito terá que enfrentar no triênio (2021-2023). Por outro lado, o clube também conta com pontos positivos para fazer um ano diferente com a missão principal de sair da Série C do Campeonato Brasileiro.

O cenário complicado em parte se assemelha com o momento que o presidente Constantino Júnior assumiu o clube em janeiro de 2018. Na época, o Tricolor acabara de ser rebaixado para a Terceira Divisão. O então mandatário tinha, portanto, a missão de reerguer o clube e voltar a conquistar taças, ao menos em nível estadual e regional. Porém, o triênio 2018-2020 terminou e os objetivos não foram alcançados. Ao longo desses últimos anos, o Mais Querido acumulou eliminações e fracassos. Agora, tenta minimizar os desafios se agarrando com confiança num olhar mais esperançoso para o futuro.

CONTRAS

Série C

E o futuro de boas novas passa muito pela saída da Série C do Campeonato Brasileiro. Uma das décadas mais vitoriosas do Santa Cruz em termos de conquistas estaduais e regionais chegou ao fim de forma melancólica, com o clube afundado pelo quarto ano consecutivo na competição. Desde 2008, quando jogou a Terceira Divisão pela primeira vez, o Tricolor está indo para a 10ª temporada (contando com 2021) jogando na Série C ou D. Nesse período, apenas em 2016 jogou a Série A. Ou seja, 10 temporadas nas divisões inferiores do futebol brasileiro. Esse será, portanto, um dos maiores gargalos a serem resolvidos pelo próximo presidente Coral.

Recurso limitado

Os anos consecutivos na Série C impuseram uma limitação financeira para os gestores do Santa Cruz. Isso porque a competição tem pouca visibilidade e não conta com o aporte financeiro anual das cotas televisivas, presentes nas Séries A e B. Dessa forma, a arrecadação do Tricolor ficou comprometida, impossibilitando-o de montar equipes mais competitivas. Além disso, o clube também atrasou o pagamento dos salários de jogadores por várias vezes nas últimas temporadas, gerando incômodo nos respectivos elencos. E, ao menos em 2021, essa limitação estará mais uma vez presente nas Repúblicas Independentes do Arruda. Assim, o novo mandatário terá que mostrar habilidade para angariar fundos que possibilitem um maior fôlego financeiro.

Dívidas

Além disso, as dívidas do Santa Cruz, tão presente no clube há várias décadas, foram ainda mais acentuadas com a paralisação do futebol causada pela pandemia do novo coronavírus. Antes disso, no entanto, o cenário não era nada animador, já que o balanço financeiro de 2019 apontava para uma dívida geral de R$ 170 milhões. Com a perda de receitas em 2020, especialmente das bilheterias, a tendência é que esse número se eleve ainda mais. Para piorar a situação, o clube ficou de fora do G20 da Timemania pela primeira vez nos últimos seis anos e viu a verba que era repassada pela loteria como uma das maiores fontes de amortização de dívidas cair de R$ 1,73 milhão para R$ 666 mil. Como ainda não há previsão para o fim da pandemia e, consequentemente, o retorno do público aos estádios, o novo presidente Coral ainda vai sentir o caixa afetado diretamente pela covid-19, além de ter a dura missão de tentar amortizar de alguma forma o alto grau de endividamento do clube.

Racha político interno

Últimos anos nas divisões inferiores, além das limitações orçamentárias e o aumento das dívidas evidenciaram internamente no clube um racha político. Nos bastidores, comenta-se que o próprio grupo da situação é dividido entre duas alas: uma mais jovem, ligada ao presidente Constantino Júnior, e outra mais experiente, ligada ao ex-presidente Antônio Luiz Neto. Por outro lado, a oposição encampa o pleito com duas chapas, e com um forte acirramento político com os atuais gestores. No meio desse contexto de efervescência, o mandatário eleito nesta quarta-feira vai ter a missão de tentar apaziguar politicamente os bastidores do Santa Cruz.

PRÓS

Participação na Copa do Nordeste e Copa do Brasil

Apesar de todos os desafios e dificuldades, o novo presidente vai assumir o clube participando da Copa do Nordeste e da Copa do Brasil. As competições, além da grande visibilidade, também geram ótimas cotas financeiras. Na competição regional, o Tricolor vai receber R$ 1,7 milhão por jogar a fase de grupos. Caso avance de fase, pode embolsar ainda mais dinheiro. A cota do mata-mata nacional ainda não foi divulgada, mas em 2020, na primeira fase, os participantes receberam R$ 540 mil. Aqueles que foram avançando de fase, foram recebendo ainda mais dinheiro. Por isso, uma boa participação nessas duas competições serão fundamentais para o decorrer da temporada.

Dinheiro do CT Waldomiro Silva

A gestão eleita também deve receber o dinheiro da desapropriação do Centro de Treinamento Waldomiro Silva. Em agosto, o local, situado no bairro de Dois Unidos, teve a desapropriação total decretada pela Prefeitura do Recife sob o montante de R$ 10 milhões a serem pagos ao Tricolor. A verba, que será quitada de forma parcelada em três ou quatro vezes, deve começar a chegar aos cofres do Arruda neste ano.

Dinheiro a receber de negociação de jogadores

Outra verba que será providencial para o planejamento do Santa Cruz na temporada será o dinheiro da venda do meia João Paulo, que pertencia ao Botafogo, mas estava emprestado no Seattle Sounders, dos EUA. O clube norte-americano exerceu o direito de compra e acertou em definitivo com o atleta pelo valor de 1 milhão de dólares (cerca de R$ 5,3 milhões). Nesse caso, o Tricolor tem direito a 40% do valor, já que quando negociou o meio-campista com o clube carioca, manteve o percentual. Sendo assim, o Santa Cruz teria acesso a aproximadamente R$ 2,2 milhões.

Aliás, quem também deixou um dinheiro no clube proveniente de uma negociação foi o goleiro Maycon Cleiton, que foi vendido ao RB Bragantino por R$ 1 milhão no início de fevereiro. A atual gestão, no entanto, informou que vai utilizar o dinheiro da venda do prata da casa para pagar débitos trabalhistas, acordos judiciais e extrajudiciais, pagamentos da folhas de atletas, funcionários e fornecedores, além da realização de investimentos em infraestrutura da sede e do gramado do Arruda.

Base formada para 2021

A gestão que assumir o Santa Cruz nos próximos dias vai encontrar uma base montada para a temporada 2021. Isso porque desde o final de 2020, a atual gestão vem renovando com peças consideradas importantes no elenco coral. Assim, estendeu o vínculo dos zagueiros Danny Morais, William Alves e Célio Santos, os volantes André e Paulinho, os meias Didira e Chiquinho e o atacante Pipico. Outras peças da base também permanecerão no clube como João Cardoso, Felipe Cabeleira e Jordan (até o final do pernambucano).

PENDÊNCIAS

Algumas pendências também serão herdadas por aqueles que comandarão o clube no próximo triênio. A primeira delas é a conclusão do Centro de Treinamento Ninho das Cobras. Isso porque no espaço existe apenas um campo que está completamente finalizado e o segundo que estava com obras avançadas. Este último, inclusive, tinha previsão de entrega para o final de 2020. Outro assunto que é muito questionado dentro do clube e, principalmente, pela torcida coral, é a Reforma do Estatuto. Por isso, aquele que assumir será cobrado para tratar com urgência da modernização estatuária da Cobra Coral. Por fim, uma pendência a ser resolvida será a reforma da fachada da sede do Mais Querido. Promessa de atual gestão não foi tirada do papel e, por isso, tem sido alvo de cobranças dos torcedores e grupos oposicionistas.

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