AFP
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) pediu nesta sexta-feira (3) a suspensão das sanções econômicas impostas a Cuba e Venezuela para que esses países possam lidar melhor com a pandemia de coronavírus.
A agência das Nações Unidas pediu para "suspender as sanções impostas a Cuba e Venezuela a fim de permitir o acesso a alimentos, suprimentos médicos e exames COVID-19 e assistência médica".
"É um momento de solidariedade, não exclusão", afirmou o órgão, sediado em Santiago, em comunicado nesta sexta-feira.
Outras organizações, como o Parlamento da América Latina, pediram o levantamento das sanções, embargos e bloqueios comerciais e financeiros enfrentados por Cuba e Venezuela pelos Estados Unidos.
No ano passado, o presidente dos EUA, Donald Trump, aumentou o embargo que pesa sobre Cuba, quebrando a abordagem adotada por seu antecessor, Barack Obama, após meio século de ausência de relações diplomáticas.
Trump também intensificou a pressão contra o governo venezuelano de Nicolás Maduro, a quem Washington acaba de acusar de "narcoterrorismo".
No último sábado (28), médicos e enfermeiros da Brigada Médica Internacional Henry Reeve de Cuba viajaram para Andorra para ajudar na luta contra a pandemia de coronavírus covid-19.
A América Latina está no começo "de uma profunda recessão", com uma contração do Produto Interno Bruno (PIB) regional que chegará em 2020 entre 1,8% e 4% pela expansão mundial do coronavírus, estimou a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) nesta sexta-feira (3).
"Estamos diante de uma profunda recessão. Estamos diante da queda do crescimento mais forte que a região teve", disse Alicia Bárcena, secratária-executiva da Cepal, um organismo técnico das Nações Unidas com sede em Santiago.
A expansão do coronavírus terá um impacto especial nos países da América Latina, que já viviam um contexto econômico difícil após o crescimento fraco registrado em 2019, de apenas 0,1%.
Nesse cenário, a diminuição da atividade econômica nos principais parceiros comerciais da região, a queda no valor das matérias-primas e o golpe em setores como o turismo, levará a região a uma queda no PIB em uma faixa de 1,8% a 4%.
A contração de 1,8% considera apenas os efeitos na América Latina do declínio econômico da China, principal parceiro comercial da região, mas se somar o colapso econômico dos países que compõem a União Europeia, os Estados Unidos e o restante na região, o impacto será muito maior, na faixa de 3 a 4%, explicou Bárcena.