Uma virose com sintomas semelhantes aos da dengue e ebola, foi relatada por cientistas da Bolívia e dos Estados Unidos nesta semana. De acordo com os pesquisadores, este microrganismo já atingiu ao menos cinco pessoas em 2019, levando três delas a óbito, em La Paz, na Bolívia. Até o momento, acredita-se que a infecção pelo vírus Chapare, como é chamado, ocorra através de contato com fluídos, como vômito, sangue, urina e fezes do doente. Desta forma, ele se torna mais fácil de controlar do que o novo coronavírus, que é transmitido pelo ar.
A epidemiologista Caitlin Cossaboom, do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, afirmou em entrevista ao jornal The Guardian, que três pessoas já morreram em decorrência deste vírus. "Nossa pesquisa confirmou que um jovem residente médico, um médico da ambulância e um gastroenterologista contraíram o vírus após terem contato com pacientes infectados. Agora, acreditamos que muitos fluidos corporais podem potencialmente carregar o vírus."
Considerado um arenavírus do Novo Mundo, o vírus Chapare é capaz de causar, além de febre hemorrágica, febre comum, fortes dores no corpo, vômito, feridas na pele e sinais múltiplos de hemorragia. Assim como o novo coronavírus, também é um vírus zoonótico, ou seja, está presente em animais, neste caso, em roedores.
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Segundo o Ministério da Saúde da Bolívia, a febre hemorrágica causada pelo vírus Chapare não possui tratamento. "Não existem antivirais específicos para esse tipo de doença, é claro que, em termos de opções terapêuticas, se aproveita tudo o que a humanidade tem em mãos", declarou a ex-ministra da Saúde, Gabriela Montaño, ainda em 2019.
Entre dezembro de 2003 e janeiro de 2004, pesquisadores da Bolívia e dos Estados Unidos analisaram um pequeno foco de febre hemorrágica em um vilarejo na província de Chapare, no norte da Bolívia. Na ocasião, poucas pessoas foram infectadas e apenas uma morreu. Pesquisas concluíram que se tratava de um novo arenavirus, cujo hospedeiro natural são roedores. Até então acreditava-se que a transmissão entre humanos era impossível.
Em 2019, 15 anos depois, o Chapare voltou a aparecer na Bolívia. Mas desta vez, na capital La Paz, quando cinco pessoas foram infectadas, e três delas morreram. Dentre as vítimas, dois eram médicos que tiveram contato com os pacientes mortos. Desta forma, os cientistas desconfiaram que a transmissão poderia acontecer por meio de fluídos de pessoas contaminadas.
A hipótese foi confirmada por pesquisadores do Centro de Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos e do Centro Nacional de Doenças Tropicais da Bolívia. Eles apresentaram essa conclusão em uma reunião da Sociedade Americana de Medicina e Higiene Tropical, na última segunda-feira (16).
Com isso, pesquisadores passaram a acreditar que muitas pessoas diagnosticadas com Dengue nos últimos anos, na verdade poderiam estra infectadas pelo Chapare. A semelhança entre os sintomas facilitaria este engano.
"Embora ainda há muito que permanece desconhecido sobre o vírus Chapare, é louvável a rapidez com que a equipe de pesquisadores foi capaz de desenvolver um teste diagnóstico, confirmar a transmissão entre humanos e descobrir evidências preliminares do vírus em roedores", disse o presidente da Sociedade Americana de Higiene e Medicina Tropical, Joel Breman, em entrevista para o The Guardian.
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