Presidente da Argentina está na lista de beneficiados por escândalo das 'vacinas VIP'
A lista inclui o presidente, Alberto Fernández, e pessoal de sua equipe, assim como o ministro da Economia e o embaixador no Brasil
O ministério da Saúde da Argentina divulgou nesta segunda-feira (22) uma lista com os nomes de 70 pessoas que foram imunizadas com a Sputnik V, em meio a um escândalo de vacinações privilegiadas contra a covid-19.
A lista inclui o presidente, Alberto Fernández, e pessoal de sua equipe, assim como o ministro da Economia, Martín Guzmán, e o embaixador no Brasil, Daniel Scioli, entre outros, mas também nomes de líderes políticos, empresários e jornalistas.
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Também aparecem o ex-presidente Eduardo Duhalde (2002-2003), sua esposa Hilda González e as filhas do casal, Juliana e María Eva, além de segundos e terceiros escalões de vários ministérios.
Até o momento, foi vacinado o pessoal de saúde e teve início a imunização de menores de 70 anos na província de Buenos Aires e de mais de 80 anos na capital.
O escândalo das vacinas veio à tona na sexta-feira passada, quando o jornalista Horacio Verbitsky, de 79 anos, contou a uma rádio que por causa de sua amizade com o ex-ministro da Saúde, Ginés González García, ele tinha sido vacinado nas dependências do ministério por funcionários do hospital público Posadas.
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A confissão gerou uma série de reações adversas e levou o presidente a pedir a renúncia de González García.
"Vai ter muito impacto no curto prazo: este é um tema sensível e irritante, o que alivia é que o presidente agiu rápido e de forma contundente (ao pedir a renúncia do ex-ministro)", disse à AFP o consultor político Carlos Fara.
De 1,8 milhão de doses que o país já recebeu, a pasta nacional da Saúde dispôs de 3.000 doses, que estão no hospital Posadas, enquanto as demais foram distribuídas equitativamente entre as províncias que administram seus próprios planos de imunização.
"De forma alguma estas 3.000 vacinas foram para cobrir uma discricionariedade do ministério", afirmou a recém-empossada ministra da Saúde, Carla Vizzotti, que até o sábado passado era a secretária de Acesso à Saúde, vice-ministra de fato.
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A Argentina, com 44 milhões de habitantes, soma mais de dois milhões de contágios de covid-19 e 51.000 mortes. Até agora, o país recebeu 1.220.000 doses de Sputnik V e 580.000 da Covishield, do instituto indiano Serum.
O governo espera receber "nos próximos dias" um milhão de doses da vacina chinesa Sinopharm, disse Vizzotti.
"Estamos trabalhando para a entrega de um milhão de doses da vacina chinesa nos próximos dias", declarou a ministra à rádio Destape. Esta vacina recebeu no domingo a autorização para uso emergencial do Ministério da Saúde.
Vizzotti acrescentou que a assessoria presidencial Cecilia Nicolini "está trabalhando na Rússia para ter um panorama sobre as datas de entrega (de novas doses de vacinas Sputnik V)", enquanto se avança para resolver "a entrega para os primeiros dias de março da vacina da AstraZeneca".
"Na medida em que as vacinas entrarem, a população alvo (da campanha de vacinação), que são 15 milhões de pessoas, pode estar vacinada em tempo relativamente curto", afirmou.
A pedido de um promotor, agentes da polícia apresentaram na noite de segunda-feira ao ministério da Saúde em Buenos Aires a busca de registros de ingressos de pessoas na sede da pasta entre os dias 1º e 19 de fevereiro, segundo fontes judiciais citadas pela imprensa argentina.
Umas 15 denúncias contra o ex-ministro foram recebidas na segunda-feira na justiça sobre o caso, mas a ministra negou a existência de "vacinas VIP" dentro do ministério.
Fara adverte que o escândalo continuará. "O tema não acabou, haverá mais. Acho que a curto ou longo prazo, isso se resolve com milhões de vacinas, na medida em que haja vacinas para todos, que alguns tenham se vacinado será irrelevante", disse o analista.