Tem brasileiro preso no Afeganistão? O Brasil tem embaixada no país?
A capital do Afeganistão, Cabul, foi tomada pelo grupo Talibã no último domingo (15), após o presidente Ashraf Ghani sair do território afegão
O Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, afirmou que está monitorando a situação enfrentada pelo Afeganistão. A capital do país, Cabul, foi tomada pelo grupo Talibã no último domingo (15), após o presidente Ashraf Ghani sair do território afegão. A situação deixou moradores em pânico, que tentam a todo custo fugir do regime talibã. Segundo o portal UOL, o órgão disse não haver registros de brasileiros nas zonas de conflitos.
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No entanto, o Brasil possui uma embaixada em Islamabad, capital do país vizinho Paquistão. A sede é responsável pela representação diplomática, cumulativamente com o Afeganistão. Ainda de acordo com o UOL, o Itamaraty afirmou que, até o momento, nenhuma medida de proteção a funcionários da embaixada brasileira está prevista.
Talibã retoma poder no Afeganistão
O grupo Talibã, que havia governado o Afeganistão entre 1996 e 2001, impondo uma interpretação rigorosa da Sharia (lei muçulmana), começou uma invasão ao país no último sábado (14), por Mazar-i-Sharif, uma grande cidade do norte do território afegão. "Eles estão desfilando com seus veículos e motocicletas, disparando para o alto para comemorar", informou à AFP Atiqullah Ghayor, residente da cidade, no momento da invasão.
A retomada do poder pelo grupo extremista acontece dias após os EUA retirar tropas da Base Aérea de Bagram, no Afeganistão, depois de quase duas décadas no país. O recuo das tropas seguia uma ordem emitida em abril pelo presidente americano, Joe Biden, para encerrar o envolvimento dos EUA na Guerra do Afeganistão.
Formados nas madrasas (escolas corânicas) do vizinho Paquistão, onde esse grupo de islâmicos sunitas encontrou refúgio durante o conflito com os soviéticos, os talibãs eram liderados pelo misterioso mulá Mohamad Omar, que morreu em 2003. O mulá Akhtar Mansur o sucedeu e foi assassinado em 2016 no Paquistão. Atualmente, o Talibã é liderado por Haibatullah Akhundzada, enquanto o mulá Abdul Ghani Baradar, co-fundador do movimento, chefia a ala política.
Como a maioria da população afegã, são essencialmente pashtuns, o grupo étnico que dominou o país quase ininterruptamente por dois séculos. Os talibãs prometeram restaurar a ordem e a justiça, e cresceram rapidamente graças ao apoio do Paquistão e à aprovação tácita dos Estados Unidos.
Fuga do presidente
O presidente Ashraf Ghani fugiu, entregando efetivamente o poder ao Talibã, que chegou a Cabul, símbolo de sua vitória militar, em apenas 10 dias. O movimento radical islâmico está a um passo do retornar ao poder 20 anos depois de ser derrubado por uma coalizão liderada pelos Estados Unidos por sua recusa em entregar o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, após os ataques de 11 de setembro de 2001.
No início da noite, o ex-vice-presidente Abdullah Abdullah anunciou que o presidente Ashraf Ghani havia "deixado" o país. Esta partida conclui a derrota das últimas semanas, após sete anos no poder durante os quais não conseguiu reconstruir o país. "O ex-presidente deixou o Afeganistão, deixando o povo nesta situação. Ele prestará contas a Deus e o povo o julgará", disse Abdullah, também chefe do Conselho Superior para a Reconciliação Nacional.
Segundo Ghani, "incontáveis patriotas seriam martirizados e a cidade de Cabul seria destruída" se ele permanecesse no poder. "O Talibã venceu ... e agora é responsável pela honra, propriedade e autopreservação de seus compatriotas", disse ele em um comunicado postado no Facebook. "Agora eles enfrentam um novo teste histórico. Ou preservam o nome e a honra do Afeganistão ou dão prioridade a outros lugares e redes", acrescentou. Ghani não indicou para onde tinha ido, mas o grupo de imprensa afegão Tolo News indicou que ele pode ter ido para o Tadjiquistão.