CRISE

Ocidente ameaça Moscou com novas sanções por crise com Ucrânia

Em Washington, nos EUA, congressistas democratas e republicanos afirmaram que estão próximos de um acordo sobre um projeto de lei que prevê duras sanções à Rússia

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AFP

Publicado em 30/01/2022 às 19:00
A Rússia, do presidente Vladimir Putin, é acusada, desde o final de 2021, de ter concentrado cerca de 100 mil soldados na fronteira ucraniana, com o objetivo de atacar o país vizinho - Foto: AFP

Estados Unidos e Reino Unido ameaçaram a Rússia com novas sanções neste domingo (30), enquanto Washington e seus aliados da Otan intensificam os esforços diplomáticos para dissuadir Moscou de invadir a Ucrânia.

"Vamos anunciar ao final desta semana uma melhora na legislação de sanções para que possamos atingir um amplo espectro de interesses russos de importância para o Kremlin", explicou a ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, à emissora Sky News.

Em Washington, congressistas democratas e republicanos afirmaram que estão próximos de um acordo sobre um projeto de lei que prevê duras sanções à Rússia. O influente senador democrata Bob Menéndez prometeu, em declarações à emissora CNN, "consequências graves" para Moscou caso invada a Ucrânia e seu colega republicano, Jim Risch, falou de um "preço devastador" para o presidente russo, Vladimir Putin.

Relações equitativas

As tensões estão no ponto máximo entre Moscou e o Ocidente por causa da Ucrânia, em cujas fronteiras a Rússia concentrou dezenas de milhares de soldados e armas pesadas.

Entre a bateria de sanções mencionadas, o Reino Unido e os Estados Unidos apontam ao gasoduto estratégico Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha ou inclusive o acesso russo a transações em dólares, principal moeda do comércio internacional.

Diante destas novas ameaças, Moscou exigiu ser tratado em igualdade de condições por Washington. "Queremos relações boas, equitativas, de respeito mútuo com os Estados Unidos, como com todos os países do mundo", declarou o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, ao Canal 1, da Rússia.

Interesses legítimos

A Rússia "não quer permanecer em uma posição" na qual sua segurança "seja violada diariamente", como aconteceria se a Ucrânia fosse incorporada à Otan, continuou Lavrov. Moscou continuará buscando "garantias juridicamente vinculantes" que levem em consideração os "interesses legítimos" da Rússia, acrescentou.

Além disso, o governo russo enviará em breve aos países da Otan e da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) "um pedido oficial que os insta a especificar como planejam implementar seu compromisso de não reforçar sua segurança em detrimento da segurança dos outros".

Diante da ameaça de uma invasão, Kiev pediu neste domingo a Moscou que retire suas tropas mobilizadas ao longo da fronteira entre os dois países e que continue o diálogo com os ocidentais se quiser "a sério" uma desescalada das tensões.

Propósitos egoístas

A Rússia é acusada, desde o final de 2021, de ter concentrado cerca de 100.000 soldados na fronteira ucraniana, com o objetivo de atacar o país vizinho. Moscou nega ter qualquer intenção bélica, mas exige garantias por escrito para salvaguardar sua segurança, como a de que a Aliança Atlântica não aceitará novos membros, especialmente a Ucrânia.

Uma demanda-chave que o governo dos Estados Unidos rejeitou esta semana por escrito, embora tenha deixado a porta aberta para negociações. O Kremlin indicou que deseja tempo para analisar a situação.

Neste domingo, o diretor do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, repetiu que a Rússia "não quer uma guerra" com a Ucrânia e acusou os países ocidentais de exacerbarem as tensões com "seus próprios objetivos egoístas".

A número três do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland, disse, por sua vez, que não havia sinais de desescalada por parte de Putin. "Ao contrário, mobilizou mais tropas desde que o encorajamos a reduzir" as tensões, disse neste domingo à CBS.

Mobilização de tropas

Vários países ocidentais anunciaram nos últimos dias o envio de soldados para o leste da Europa, incluindo os Estados Unidos (que colocou 8.500 militares em alerta para reforçar a Otan) e a França, que deseja enviar "várias centenas" de soldados na Romênia.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, deve propor na próxima semana à Otan o envio de tropas para responder ao aumento da "hostilidade russa" contra a Ucrânia. O anúncio foi cumprimentado pelo secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg.

As autoridades de Kiev têm pedido aos ocidentais que permaneçam "firmes e vigilantes" nas negociações com Moscou, mas que não espalhem o pânico sobre a iminência de uma invasão.

O ministro francês de Assuntos Exteriores, Jean-Yves Le Drian, sua colega alemã, Annalena Baerbock, e o primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, viajarão esta semana a Kiev. A ministra da Defesa canadense, Anita Anand, cujo país dá assistência militar à Ucrânia, chegou à Ucrânia neste domingo para uma visita de dois dias.

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