Atualizada às 18h03
Em telefonema com duração de uma hora, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou ao presidente russo, Vladimir Putin, que os EUA e seu aliados irão responder "decisivamente" e impor custos "rápidos e severos" à Rússia, caso esta invada a Ucrânia, segundo a Casa Branca.
Putin disse que a suspeita de um ataque contra a Ucrânia era uma "especulação provocativa" e seu assessor diplomático, Yury Ushakov, denunciou um "auge" da "histeria" americana. Ushakov informou, no entanto, que durante um telefonema de cerca de uma hora, os dois presidentes "concordaram em manter os contatos em todos os níveis" para desativar a crise.
A Casa Branca, por sua vez, informou que nesta conversa, Biden "deixou claro que se a Rússia empreender uma invasão, os Estados Unidos, juntamente com seus parceiros, responderão decisivamente e imporão custos rápidos e severos à Rússia".
Ele "reiterou" que atacar a Ucrânia "provocaria um sofrimento humano generalizado e diminuiria a posição da Rússia".
Putin conversou anteriormente com o presidente francês, Emmanuel Macron, que lhe advertiu que "um diálogo sincero não é compatível com uma escalada militar" na Ucrânia, informou a Presidência francesa.
Segundo o Kremlin, Putin criticou nesta conversa as "entregas em larga escala de armamento moderno" à Ucrânia e assegurou que estas criam "condições para possíveis ações agressivas das forças ucranianas" no leste do país, onde fica uma região controlada por separatistas pró-russos há oito anos.
A possibilidade de uma guerra levou vários países ocidentais a recomendarem a seus cidadãos que deixassem a Ucrânia.
A própria Rússia admitiu que está reduzindo seu pessoal diplomático em Kiev, argumentando que se deve às provocações "ucranianas" e dos países ocidentais.
Manter a calma
Na sexta-feira, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que a ofensiva é uma "possibilidade muito, muito real".
As autoridades americanas não descartam que a Rússia tome essa decisão mesmo durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, que terminam em 20 de fevereiro.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse no sábado que os comentários dos EUA eram muito alarmistas, embora reconhecesse o risco de uma invasão.
"Todas essas informações estão causando pânico e não estão nos ajudando", disse o líder ucraniano.
Milhares de manifestantes protestaram em Kiev, dizendo que se recusavam a entrar em pânico.
"O pânico é inútil. Devemos nos unir e lutar por nossa independência", disse a estudante Maria Shcherbenko, que levava um cartaz que dizia "Permaneço tranquila. Amo a Ucrânia".
A crise surgiu depois da mobilização de mais de 100.000 militares russos para a fronteira com a Ucrânia há várias semanas.
Moscou tem negado reiteradamente que queira atacar a antiga república soviética, mas exige certas garantias na questão da segurança, entre elas que a Otan não admita entre seus membros a Ucrânia, um ponto inegociável para o Ocidente.
Países pedem a saída de seus cidadãos da Ucrânia
A lista de países que pedem a saída de seus cidadãos da Ucrânia continua crescendo, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Holanda, Canadá, Noruega, Austrália, Japão e Israel.
A companhia aérea holandesa KLM suspendeu seus voos para a Ucrânia no sábado "até novo aviso".
Neste sábado, a Rússia começou novas manobras navais no mar Negro para "defender a costa marítima da península da Crimeia", anexada em 2014, de potenciais ameaças.
O Ministério russo da Defesa destacou que sua Marinha tinha expulsado um submarino americano de suas águas no oceano Pacífico.
Nos últimos dias, a Rússia também está fazendo manobras em Belarus, nas fronteiras da União Europeia e da Ucrânia. Para os países ocidentais, todos esses exercícios são particularmente preocupantes porque cercam o território da Ucrânia militarmente.