Centenas de projéteis de artilharia explodiram ao longo da linha que separa soldados ucranianos e separatistas apoiados pela Rússia, levando milhares de pessoas a deixarem o leste da Ucrânia e aumentando o temor de que tensões na região podem desencadear uma invasão russa.
Líderes ocidentais alertaram que a Rússia estaria prestes a atacar o país vizinho, que está cercado em três lados por cerca de 150 mil soldados russos, aviões de guerra e equipamentos. A Rússia realizou exercícios nucleares no sábado na vizinha Belarus e tem exercícios navais em andamento na costa do Mar Negro.
Ontem (19), também, líderes separatistas no leste da Ucrânia ordenaram uma mobilização militar completa e enviaram mais civis à Rússia, que emitiu cerca de 700 mil passaportes para residentes dos territórios controlados pelos rebeldes.
Os Estados Unidos e muitos países europeus alegam há meses que a Rússia está tentando criar pretextos para invadir e ameaçaram impor sanções maciças e imediatas caso isso venha a acontecer. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu ao presidente russo, Vladimir Putin, que escolha um local onde os dois líderes possam se encontrar para tentar resolver a crise. A Rússia negou planos de invasão.
"A Ucrânia continuará a seguir apenas o caminho diplomático em prol de um acordo pacífico", disse Zelensky no sábado, durante a Conferência de Segurança em Munique, Alemanha. Não houve resposta imediata do Kremlin.
Também no sábado, a Rússia afirmou que ao menos dois projéteis disparados de uma área do leste da Ucrânia controlada pelo governo caíram do outro lado da fronteira. O ministro de Relações Exteriores da Ucrânia reagiu dizendo que a declaração é "falsa".
CONVERSAS
Representantes de Moscou e do Ocidente continuam se comunicando. Os chefes de defesa americanos e russos falaram na sexta-feira. O presidente da França, Emmanuel Macron, tem agendado um telefonema com Putin neste domingo. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, e o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, concordaram em se reunir na próxima semana.
Autoridades da região de Rostov, na Rússia, que faz fronteira com o leste da Ucrânia, declararam estado de emergência por causa do fluxo de rebeldes ucranianos. Reportagens veiculadas no sábado reportaram longas filas de ônibus e centenas de pessoas esperando no frio por horas para serem alojadas, sem acesso a comida ou banheiros. Putin ordenou que o governo russo oferecesse 10.000 rublos (cerca de US$ 130) a cada evacuado, quantia equivalente a cerca de metade de um salário médio mensal no leste da Ucrânia.