Atualizada às 21h13
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta terça-feira (22) que a Rússia começou a invadir a Ucrânia e planeja ir muito além do que havia indicado anteriormente. Biden também anunciou uma série de sanções contra a Rússia, cortando o financiamento do Ocidente e punindo os bancos e a elite russa.
Após uma primeira reação cautelosa diante do discurso do presidente russo, Vladimir Putin, na segunda-feira, Washington levantou o tom.
"É o começo de uma invasão", declarou Biden durante um pronunciamento na Casa Branca. Putin está "elaborando justificativas para ir muito mais longe", alertou.
Em resposta, os EUA irão impor de maneira imediata uma "primeira rodada" de sanções que devem cortar o financiamento ocidental do governo russo, anunciou Biden. "Estamos implementando sanções sobre a dívida soberana da Rússia".
O setor financeira também entrou na mira, ao decretar-se o "bloqueio total" contra o VEB, o banco público de desenvolvimento; e o PSB, ligado ao setor de Defesa.
O presidente americano também decidiu sancionar as elites russas e suas famílias. "Eles compartilham da ganância corrupta das políticas do Kremlin e devem compartilhar a dor também", declarou Biden. O chefe do serviço de inteligência russo (FSB), Alexandre Bortnikov, está na lista.
Por meio de um decreto, Biden já havia proibido na segunda-feira à noite todo novo investimento, intercâmbio ou financiamento de origem americana com destinado, vindo ou dentro das regiões pró-russas de Donetsk e Lugansk. Essas regiões, no entanto, tinham laços extremamente limitados com os Estados Unidos.
"Evitar o pior"
Para prevenir qualquer acusação de excesso de cautela, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, ressaltou na segunda-feira que estas sanções seriam adicionadas a medidas econômicas "rápidas e severas" preparadas por Washington e seus aliados no caso de uma invasão.
Os EUA ameaçaram, por exemplo, cortar o acesso dos bancos russos às transações em dólares e proibir a venda de tecnologia americana para a Rússia.
Um alto funcionário dos EUA alertou que "nenhuma instituição financeira russa estará segura se a invasão prosseguir".
Novos ataques à Ucrânia podem levar a sanções contra os grandes bancos Sberbank e VTB, afirmou o funcionário, que pediu anonimato.
Além disso, os controles de exportação que impediriam o fluxo de componentes de alta tecnologia para a Rússia também são um "elemento-chave de nossas possíveis sanções", acrescentou, chamando essas medidas de "realmente poderosas" porque é uma "tecnologia crucial, que a Rússia precisa para diversificar sua economia."
Em coordenação
Biden está sob pressão da classe política americana, que quer uma resposta contundente do presidente contra a Rússia.
Após classificar as manobras de Moscou de "declaração de guerra", palavras ainda não proferidas pela Casa Branca, o senador republicano Lindsey Graham chamou os EUA a "destruir o rublo", a moeda russa, e "esmagar o setor petroleiro e de gás russo".
Biden apontou a Rússia como a "agressora", mas argumentou que "ainda há tempo de evitar o pior cenário, que causará enorme sofrimento a milhões de pessoas", e lembrou que seu país ainda espera encontrar uma solução diplomática.
"Julgaremos a Rússia por suas ações, não por suas palavras. E o que quer que a Rússia faça a seguir, estamos preparados para responder com unidade, clareza e convicção. Espero que o canal diplomático permaneça aberto", concluiu.
Regularmente acusados de agir sozinhos em questões internacionais, os Estados Unidos prometeram trabalhar "em estreita" coordenação com seus parceiros europeus no caso ucraniano.
Biden autorizou o envio de tropas americanas para os países bálticos, na Estônia, Letônia e Lituânia.
Determinado a mostrar seu apoio a Kiev à medida que as tensões aumentam, Biden se encontrou com o chefe da diplomacia ucraniana para "reafirmar" seu apoio.
Os Estados Unidos também aplaudiram as sanções tomadas do outro lado do Atlântico contra Moscou, e especialmente a suspensão por parte de Berlim da autorização do polêmico gasoduto Nord Stream 2, que Washington denuncia há algum tempo.
Biden disse nesta terça-feira que "trabalhou com a Alemanha para garantir que o Nord Stream 2 não avance, como prometido".
Essa decisão "livrará a Europa do estrangulamento geoestratégico da Rússia através do fornecimento de gás natural", afirmou o alto funcionário dos EUA.