Publicado em 23/02/2022 às 14:09
| Atualizado em 23/02/2022 às 18:13
A China acusou os Estados Unidos de criar "medo e pânico" sobre a crise na Ucrânia e sugeriu que o apoio dos EUA e da União Europeia à expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) deixou o presidente Vladimir Putin com poucas opções, e que os chineses se opõem às sanções impostas contra a Rússia, reiterando uma posição chinesa de longa data.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, pediu negociações para reduzir as tensões que crescem rapidamente. Segundo ela, os EUA estão alimentando as tensões ao fornecer armas defensivas à Ucrânia. Ela, entretanto, não mencionou o posicionamento de até 190.000 soldados russos na fronteira ucraniana - tampouco os esforços dos EUA, França e outros para envolver a Rússia diplomaticamente.
Hua disse que os EUA são "culpados" pela situação da Ucrânia, afirmando que o governo americano estava "colocando lenha na fogueira enquanto apontava o dedo para outras pessoas que tentavam apagar o fogo". "Esse ato é irresponsável e imoral", disse a porta-voz sobre os movimentos dos EUA.
A China frequentemente critica a política de sanções dos EUA, também impostas a Pequim por questões como denúncias de abusos de direitos humanos na região de Xinjiang, no extremo oeste chinês, e medidas para prender ativistas pró-democracia em Hong Kong. Hua também comparou as ações dos EUA com as da China, que ela disse serem mais construtivas. "Ao contrário dos EUA, que estão enviando armas, aumentando as tensões e aumentando a possibilidade de guerra, a China tem pedido a todas as partes que respeitem e valorizem as preocupações legítimas de segurança umas das outras", disse ela.
Pequim não vê as sanções como "a melhor maneira de resolver problemas", disse a porta-voz em uma entrevista a jornalistas em Pequim nesta quarta-feira, 23. Ela também criticou os EUA e a Otan por instalarem armas ofensivas perto da Rússia, perguntando se "eles já pensaram nas consequências de encurralar uma grande potência".
Ato de equilíbrio
A crise na Ucrânia forçou a China a um delicado ato de equilíbrio, pois busca apoiar a Rússia contra os EUA, ao mesmo tempo em que se apresenta como uma potência global responsável. O presidente americano, Joe Biden, impôs sanções a Moscou por reconhecer a independência das duas autoproclamadas repúblicas separatistas ucranianas e prometeu que mais viriam. Outros aliados dos EUA, como União Europeia, Japão e Reino Unido, também atingiram a Rússia com medidas econômicas punitivas.
Os laços com a Rússia se estreitaram sob o comando do líder chinês Xi Jinping, que recebeu o presidente russo, Vladimir Putin, em negociações em Pequim no início deste mês. Os dois lados emitiram uma declaração conjunta apoiando a oposição de Moscou a uma expansão da Otan nas ex-repúblicas soviéticas e apoiando a reivindicação da China à ilha autônoma de Taiwan.
Taiwan
O resultado da crise na Ucrânia é visto como tendo ramificações para a China sobre sua ameaça de invadir Taiwan, um aliado próximo dos EUA, e sua disputa de fronteira com a Índia e suas reivindicações nos mares do sul da China e leste da China, onde levantou preocupações sobre o conflito com o Japão, as Filipinas e outros.
Hua disse que aqueles que acusam a China de contradizer sua posição de respeitar a soberania nacional e a integridade territorial em relação aos movimentos da Rússia em direção à Ucrânia foram "impulsionados por segundas intenções ou deliberadamente distorcendo ou interpretando mal a China".
"Para entender correta e objetivamente a situação da Ucrânia e buscar uma solução racional e pacífica, é necessário entender os méritos da questão da Ucrânia e abordar adequadamente as preocupações legítimas de segurança dos países relevantes com base na igualdade e no respeito mútuo", disse Hua. (Com agências internacionais).
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