O papa Francisco esteve na embaixada russa na Santa Sé para manifestar "sua preocupação com a guerra" na Ucrânia - informou a assessoria de imprensa do Vaticano nesta sexta-feira (25).
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O pontífice argentino se deslocou para a sede da embaixada russa na Santa Sé, a poucos metros do Vaticano, para manifestar ao embaixador Alexander Avdeev sua "preocupação com a guerra", após a invasão da Ucrânia na madrugada de quinta-feira por parte de tropas russas, informou o porta-voz papal.
Em um gesto inusitado, o papa Francisco, que cancelou no domingo sua viagem a Florença, no centro da Itália, devido a uma dor aguda no joelho (gonalgia), apareceu de carro na sede diplomática, a poucos metros da Praça de São Pedro, onde permaneceu por mais de meia hora, afirma a página de notícias do Vaticano, a Vatican News.
A notícia foi confirmada pelo embaixador russo. Em declarações à imprensa de seu país, ele disse que o papa manifestou sua preocupação "com as crianças, com os doentes e com todos que sofrem".
O correspondente da agência de notícias argentina Telam, que estava presente, confirmou que Francisco se encontrou com o embaixador Avdeev, o que muitos interpretaram como uma oferta de mediação do papa.
O pontífice, que pediu na quarta-feira para "preservar o mundo da loucura da guerra", fez inúmeros apelos pela paz e contra a guerra.
Na quinta-feira, poucas horas após o ataque à Ucrânia pelas tropas russas, o Vaticano considerou que "ainda havia espaço para negociações", "para encontrar uma solução pacífica para o conflito russo-ucraniano".
Espaço para negociação
"Os cenários trágicos que todos temiam infelizmente estão se tornando realidade. Mas ainda há tempo para boa vontade, ainda há espaço para negociação", disse o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado e número dois do Vaticano, em um comunicado.
Alguns editorialistas italianos lembraram a mediação do papa João XXIII, há exatos 50 anos. Ele ajudou a desarmar uma terceira guerra mundial, após a crise dos mísseis em Cuba, em 1962, que levou os Estados Unidos à beira de um confronto com a então União Soviética.
O gesto do papa argentino foi feito no mesmo dia em que teve de anunciar o cancelamento de sua viagem a Florença (centro da Itália), devido a uma dor aguda no joelho.
"Devido a uma dor aguda no joelho, para a qual o médico prescreveu um período de maior descanso para as pernas, o papa Francisco não poderá viajar para Florença no domingo, 27 de fevereiro, nem presidir as celebrações da Quarta-Feira de Cinzas, 2 de março", explicou o Vaticano, em um comunicado.
Francisco estava viajaria para Florença no domingo para participar de um encontro com bispos e governantes dos países da bacia do Mediterrâneo, encontrar-se com famílias de refugiados e depois celebrar a missa na Basílica da Santa Cruz, nesta mesma cidade.