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Rússia sofre derrota na ONU por invasão da Ucrânia, que denuncia novo massacre

A Assembleia Geral da ONU suspendeu do Conselho de Direitos Humanos pela invasão da Ucrânia, que denunciou um novo massacre na região de Kiev e voltou a pedir armas para resistir a uma iminente ofensiva russa no leste do país

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Amanda Azevedo

Publicado em 07/04/2022 às 23:00 | Atualizado em 08/04/2022 às 1:06
Em Borodianka foram descobertos 26 cadáveres em dois edifícios bombardeados - GENYA SAVILOV / AFP

Por Hervé Bar, da AFP

A Assembleia Geral da ONU suspendeu a Rússia nesta quinta-feira (7) do Conselho de Direitos Humanos pela invasão da Ucrânia, que denunciou um novo massacre na região de Kiev e voltou a pedir armas para resistir a uma iminente ofensiva russa no leste do país.

A Rússia considerou a suspensão "ilegal". O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, agradeceu a decisão da Assembleia e afirmou que "criminosos de guerra" não devem ser representados nesta entidade da ONU.

A retirada de tropas russas da região de Kiev segue revelando os estragos da guerra.

 

Em Borodianka, ao noroeste da capital, foram descobertos 26 cadáveres em dois edifícios bombardeados, informaram as autoridades ucranianas.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelensky, denunciou uma situação nessa cidade "muito pior que em Bucha", onde no fim de semana foram encontrados dezenas de cadáveres com roupas de civil, espalhados pela cidade.

A Ucrânia atribui as mortes às forças de ocupação. A Rússia afirma que tudo não passa de uma montagem ucraniana.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, denunciou que os "sinais de estupros, torturas, execuções" na Ucrânia "são um ultraje para a humanidade".

-"Última oportunidade" para evacuar leste -

Para as autoridades ucranianas e ocidentais, Moscou está prestes a iniciar um ataque em larga escala no leste.

O governador da região de Lugansk, Serguii Gaidai, afirmou que os russos "estão cortando todas as vias possíveis de saída" da região e incentivou a população civil a partir o quanto antes.

"Os próximos dias serão talvez a última oportunidade de sair", declarou Gaidai no Facebook. "Não hesitem em partir", insistiu.

O novo apelo afeta especialmente a cidade de Severodonetsk, o ponto mais ao leste sob controle de Kiev e atingida de maneira permanente por bombardeios russos.

Os trens que evacuam a população do leste da Ucrânia ficaram bloqueados por bombardeios russos sobre a única ferrovia que segue sob controle governamental, indicou o diretor das ferrovias ucranianas, Olexandre Kamishin.

Os moradores da região temem encontrar-se em uma situação parecida com a de Mariupol (sudeste), o porto do Mar de Azov assediado e bombardeado há semanas, com milhares de pessoas presas em condições desumanas.

O "novo prefeito" designado pelas forças russas em Mariupol anunciou que "cerca de 5.000 pessoas" morreram e cerca de 60% a 70% das residências foram destruídas ou parcialmente destruídas" na cidade.

As autoridades ucranianas fizeram um balanço "conservador" de 5.000 mortos, mas completaram que poderia ter "dezenas de milhares de vítimas civis" e que a cidade estava "90%" destruída.

- "Armas, armas e armas" -

A Rússia admitiu ter sofrido "importantes baixas" entre militares enviados à Ucrânia, nas palavras do porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ao canal britânico Sky News. No entanto, Peskov não deu uma estimativa do número de soldados russos abatidos, feridos ou capturados.

Para enfrentar a esperada ofensiva russa, Kiev intensificou o pedido de ajuda ao Ocidente em uma reunião em Bruxelas com chanceleres dos países da Otan.

"Venho pedir três coisas: armas, armas e armas. Quanto mais rápido forem entregues, mais vidas serão salvas e destruições evitadas", declarou Kuleba ao chegar para a reunião.

A Ucrânia não é membro da Otan, mas os 30 Estados que fazem parte da Organização Atlântica podem optar por enviar ajuda.

O chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, propôs aumentar em 500 milhões de euros o financiamento da compra de armas para a Ucrânia, que até agora era de 1 bilhão de euros.

A presidente da Comissão Europeia, Ursuela von der Leyen, anunciou que viajará a Kiev nesta sexta-feira para expressar seu "apoio indefectível" à Ucrânia.

A nível diplomático, a crise não mostra sinais de progresso.

A Rússia acusou nesta quinta-feira a Ucrânia de modificar algumas de suas propostas realizadas durante as negociações em Istambul, em final de março.

Kiev reagiu imediatamente e pediu a Moscou a redução das "hostilidades" nas negociações.

- Sanções econômicas -

Os países do G7, formado pelas maiores economias do mundo, anunciaram novas sanções contra a Rússia, incluindo a proibição de investimentos em áreas estratégicas, como o setor energético.

Os países da UE aprovaram um embargo sobre o carbono russo e o fechamento dos portos europeus aos barcos do país.

Outras medidas restringem as exportações de bens de tecnologia de ponta para a Rússia e as atividades dos bancos russos, informou a presidência francesa do Conselho da UE, formado por 27 países do bloco.

O presidente americano Joe Biden citou "crimes de guerra graves" e prometeu "afundar durante anos" o desenvolvimento econômico da Rússia.

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