Da AFP
Joe Biden desembarcou nesta sexta-feira (20) na Coreia do Sul em sua primeira viagem à Asia como presidente dos Estados Unidos, uma visita na qual pretende reforçar os vínculos na área de segurança com os aliados regionais, em um contexto de preocupação com um possível teste nuclear da Coreia do Norte.
Biden seguirá para uma fábrica do conglomerado sul-coreano Samsung em Pyeongtaek, onde se reunirá com o novo presidente do país, Yoon Suk-yeol, que tem uma postura pró-EUA.
O democrata de 79 anos, para quem o confronto com a China é a principal preocupação geopolítica dos próximos anos, faz sua primeira viagem à região como presidente. Depois da Coreia do Sul, ele viajará ao Japão no domingo.
O governo dos Estados Unidos considera que há uma "real possibilidade" de que a Coreia do Norte anuncie "um novo lançamento de míssil ou um teste nuclear" durante a viagem.
Apesar do forte surto de covid-19 na Coreia do Norte, "os preparativos para um teste nuclear de Pyongyang foram concluídos e só estão buscando o momento certo", disse o parlamentar sul-coreano Ha Tae-keung após ser informado pela agência de espionagem de Seul.
Nesta sexta-feira, o presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol, que tomou posse este mês, declarou que a visita de Biden é uma oportunidade para tornar "mais fortes e mais inclusivas" as relações entre Seul e Washington.
Horas antes da chegada de Biden, ele tuitou: "Uma montanha mostra seu caminho para o cume para aqueles que o buscam. Estou confiante de que a aliança entre a República da Coreia e os Estados Unidos buscando defender os valores da democracia e dos direitos humanos só crescerão no futuro".
Além das conversas com os governantes da Coreia do Sul e do Japão, Biden participará em Tóquio em uma reunião de cúpula do grupo Quad, que inclui a Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos.
Os Estados Unidos querem "afirmar a imagem do que poderia ser o mundo se as democracias e as sociedades abertas se unissem para ditar as regras do jogo" ao redor da "liderança" americana, declarou à imprensa i conselheiro para Segurança Nacional, Jake Sullivan, a bordo do Air Force One.
"Acreditamos que a mensagem será ouvida em Pequim. Mas não é uma mensagem negativa e não está direcionada contra nenhum país", disse.
China e Taiwan, no entanto, estão nas mentes de todos.
No início deste mês, o diretor da CIA, William Burns, disse que Pequim estava observando "com atenção" a invasão russa da Ucrânia para aprender as lições dos "custos e consequências" de uma tomada de controle pela força de Taiwan.
Durante a primeira etapa da viagem, Biden visitará as tropas americanas e sul-coreanas, mas não fará a tradicional viagem presidencial à fronteira fortificada conhecida como DMZ entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, informou a Casa Branca.
O governo Biden declarou várias vezes, em vão, que estava disposto a dialogar com a Coreia do Norte, apesar de o país ter realizado vários testes de mísseis desde o início do ano.
Seul e Washington esperam que Pyongyang retome os testes nucleares de maneira iminente, depois de executar seis testes entre 2006 e 2017.
De acordo com o serviço de inteligência americano, existe uma "possibilidade real" de que a Coreia do Norte tente organizar uma "provocação" após a chegada de Biden a Seul.
Isto poderia significar "novos testes de mísseis, testes de míssil de longo alcance ou um teste nuclear, ou francamente ambos, nos dias anteriores, durante ou depois da viagem do presidente à região", afirmou Sullivan.
Ele negou que um evento do tipo seria visto como um revés diplomático para o presidente. "Isto ressaltaria uma das principais mensagens que enviamos durante a viagem, a de que os Estados Unidos estão presentes para seus aliados e sócios".