UCRÂNIA

Os últimos momentos de uma menina ucraniana morta em Vinnytsia, vítima de míssil da Rússia

Uma menina de 4 anos, feliz e contente, empurra orgulhosa o seu carrinho em um vídeo gravado por sua mãe e publicado no Instagram. Porém, uma hora depois, ela morre, vítima do disparo de um míssil russo lançado do Mar Negro.

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Amanda Azevedo

Publicado em 15/07/2022 às 21:48 | Atualizado em 15/07/2022 às 21:59
O carrinho rosa permanece tombado na rua e manchado com o sangue da menina - SERGII VOLSKYI / AFP

Da AFP

Uma menina de 4 anos, feliz, empurra orgulhosa o seu carrinho em um vídeo gravado por sua mãe e publicado no Instagram. Porém, uma hora depois, Liza morre, vítima do disparo de um míssil da Rússia lançado do Mar Negro.

O carrinho rosa permanece tombado na rua e manchado com o sangue da menina.

Liza Dmitrieva, com síndrome de Down, se dirigia, na quinta-feira (14), com sua mãe Irina, para um centro terapêutico em Vinnytsia, uma cidade de aproximadamente 370.000 habitantes situada 250 quilômetros a sudoeste da capital Kiev.

No vídeo que Irina publicou nas redes sociais às 9h38 locais, Liza pula na calçada vestindo uma calça legging branca e um top azul celeste, com o que parece ser uma margarida costurada no ombro.

Nenhuma das duas tinha motivos para temer o que aconteceria. Vinnytsia está a centenas de quilômetros da linha de frente mais próxima.

 
 
 
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"Para onde vamos, querida?", pergunta a mãe para sua filha no vídeo publicado no Instagram. "Para lá!", responde a menina sacudindo seus cabelos loiros, presos com um prendedor branco em forma de borboleta.

Cerca de 80 minutos depois, vários mísseis lançados de um submarino russo no Mar Negro atingiram Vinnytsia, devastaram o centro da cidade e mataram 23 pessoas, incluídas outras duas crianças.

Irina, a mãe de Liza, perdeu uma perna no ataque e foi inicialmente declarada morta, antes que o chefe da polícia ucraniana afirmasse hoje que ela continuava lutando pela vida.

Irina publicava regularmente na internet notícias e fotos dos feitos e desafios de sua filha, que tinha se transformado em uma sensação nas redes sociais.

O perfil de Instagram criado pela mãe e dedicado a Liza contava com cerca de 20.000 seguidores, um número que passou para 80.000 na manhã desta sexta após a tragédia.

"Ela adora os vestidos!", comenta Irina em uma publicação, junto com um vídeo da menina dando voltas com seu vestido lilás em um campo de lavanda.

"Estou tão feliz de ser o melhor exemplo para minha filha. Ela copia absolutamente tudo: as danças, os movimentos, as poses diante do espelho, as coisas da vida cotidiana", assinala Irina em outra publicação.

- Ato abertamente terrorista -

Nas primeiras horas desta sexta, a primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, afirmou que estava "horrorizada" pelas imagens do carrinho tombado na calçada, difundidas pelas autoridades locais, antes de se dar conta de que conhecia Liza pessoalmente.

"Ao ler as notícias, me dei conta de que conheço esta menina. A conhecia...", comentou no Instagram.

As duas estiveram juntas durante a gravação de um vídeo para as festas de Natal, alguns meses antes.

"Em apenas meia hora, a menina conseguiu passar tinta no chão, em si mesma e em seu vestido, e também em todas as demais crianças, em mim, nos cinegrafistas e no diretor", lembrou a primeira-dama, citando as atividades realizadas naquele dia.

"Choro junto com seus entes queridos", acrescentou Zelenska na rede social.

O presidente Volodymyr Zelensky, por sua vez, comparou o bombardeio de Vinnytsia com um "ato abertamente terrorista".

As imagens difundidas pelas autoridades mostram os restos queimados de dezenas de carros ao lado de um edifício de cerca de dez andares, que abrigava pequenos comércios. Uma fumaça marrom emanava do local do impacto.

Nesta sexta-feira, a Rússia disse que o alvo do ataque em Vinnytsia era uma reunião da Força Aérea da Ucrânia na "Casa dos Oficiais", situada no local do impacto, assegurando que "os participantes foram eliminados".

Serhiy Borzov, governador da região de Vinnytsia, indicou ontem que 13 vítimas, incluídas as outras duas crianças, ainda não puderam ser identificadas.

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