Conflitos

China e Taiwan se estranham por território e trocam ameaças militares

Em meio a exercícios militares, governo chinês ameaça usar força contra Taiwan e diz que não vai tolerar separatistas

Marília Banholzer
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Marília Banholzer
Publicado em 10/08/2022 às 22:35 | Atualizado em 11/08/2022 às 0:31
SAM YEH / AFP
RESPOSTA China iniciou sua maior ofensiva contra Taiwan após visita da congressista dos EUA, Nancy Pesoli - FOTO: SAM YEH / AFP
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Da AFP

A China afirmou que adotará a política de tolerância zero com as "atividades separatistas" em Taiwan e insistiu que retomará a ilha pela força, se necessário, de acordo com um livro branco publicado nesta quarta-feira (10).

"A Questão de Taiwan e a Reunificação da China na Nova Era", o livro branco publicado pelo Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, define como Pequim pretende tomar a ilha por meio de incentivos econômicos e pressão militar.

"Estamos preparados para criar um vasto espaço para a reunificação pacífica, mas não deixaremos espaço para atividades separatistas de nenhuma forma", destaca o livro branco.

A advertência de Pequim foi divulgada após vários dias de manobras militares chinesas ao redor de Taiwan, organizadas em resposta à visita a Taipé da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi.

A congressista se tornou na semana passada a principal autoridade americana a visitar Taiwan em décadas, apesar da ameaça de represálias da China, que busca manter Taipé isolada do cenário mundial.

"Trabalharemos com a maior sinceridade e faremos todo o possível para alcançar a reunificação pacífica. Mas não renunciaremos ao uso da força e nos reservamos a opção de adotar todas as medidas necessárias", destaca o documento.

"Isto é para nos proteger contra a interferência externa e todas as atividades separatistas. De nenhuma maneira tem como alvo nossos compatriotas chineses em Taiwan. O uso da força será o último recurso tomado em circunstâncias terríveis", acrescenta.

China e Taiwan estão separados de fato desde 1949, quando as forças comunistas de Mao Zedong prevaleceram na guerra civil chinesa sobre as tropas nacionalistas, que se refugiaram na ilha.

A edição anterior do livro branco sobre Taiwan foi publicada pela China no ano 2000.

O novo documento foi divulgado no mesmo dia que um líder da oposição taiwanesa viajou à China para reunir-se com empresários taiwaneses, apesar do pedido de Taipé para que cancelasse a viagem.

Andrew Hsia, vice-presidente do partido Kuomingtan, de tendência pró-Pequim, fez a visita em caráter pessoal e não passou por Pequim.

Mas a presidente taiwanesa Tsai Ing-wen o criticou duramente por atravessar o Estreito de Taiwan no momentos em que a China executa manobras ao redor da ilha.

Esta visita "envia a mensagem errada para a comunidade internacional", disse ele.

Desde a década de 1990, a ilha passou de uma autocracia para uma democracia vibrante e desenvolveu uma identidade taiwanesa particular.

As relações entre as duas partes pioraram desde 2016, quando chegou ao poder a atual presidente Tsai, cujo Partido Progressista Democrático não considera Taiwan como parte da China.

Sua plataforma se encaixa na definição do que a China considera separatismo taiwanês, que também inclui aqueles que desejam que a ilha tenha uma identidade separada do território continental.

TEMOR DE INVASÃO

O livro branco chinês promete a Taiwan prosperidade econômica, assim como "mais segurança e dignidade" depois da "reunificação".

Mas a oferta foi divulgada depois do maior exercício militar que a China organizou ao redor da ilha, incluindo simulações de bloqueio.

As manobras geraram o temor de que as autoridades comunistas chinesas estariam preparando uma invasão.

Os exercícios deveriam ter acabado no domingo, mas prosseguiram durante a semana, sem um anúncio sobre a data de encerramento.

O exército finalmente anunciou nesta quarta-feira que "o conjunto de tarefas foi realizado", sinalizando sua próxima conclusão.

A ilha realizou seus próprios exercícios militares para combater um eventual ataque.

"Tsai Ing-wen e o PDP... empurram Taiwan para o desastre", disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China em comunicado nesta quarta-feira.

"As relações [entre Pequim e Taiwan] são mais uma vez confrontadas com duas opções para o futuro. Cabe às autoridades taiwanesas escolher a certa", acrescentou.

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