Da AFP
O rei Charles III prometeu, em seu primeiro discurso como monarca nesta sexta-feira (9), servir aos britânicos por toda a vida, cumprindo a promessa feita por sua falecida mãe, Elizabeth II, em seu aniversário de 21 anos.
"Renovo diante de vocês este compromisso de serviço durante toda a vida", disse Charles, prestando uma forte homenagem à "vida de serviço" de sua mãe, que faleceu na quinta-feira (9) aos 96 anos, ao seu "amor à tradição", sua "adesão destemida ao progresso", mas também ao seu "calor e humor".
Em um discurso televisionado do Palácio de Buckingham, onde chegou à tarde, ele chamou Elizabeth II, que reinou por 70 anos, de "uma inspiração e um exemplo" para ele e sua família.
"Como a rainha fez com devoção inabalável, eu também me comprometo solenemente agora, durante o tempo restante que Deus me conceder, a defender os princípios constitucionais que estão no coração de nossa nação", acrescentou.
"Minha amada mamãe", quando completou 21 anos, "se comprometeu (...) a dedicar sua vida, fosse longa ou curta, a serviço do povo", lembrou o rei em seu primeiro discurso à nação, gravado no Palácio de Buckingham e retransmitido pela televisão.
Ele anunciou que seu herdeiro, o príncipe William, receberá seu título de príncipe de Gales.
"Também quero expressar meu amor por Harry e Meghan enquanto eles continuam construindo suas vidas no exterior", declarou o soberano, cujo relacionamento é notoriamente ruim com seu filho mais novo.
Harry viajou sozinho na quinta-feira, num voo regular, para Balmoral, aonde chegou bem depois do anúncio da morte da soberana, enquanto os membros ativos da família real, incluindo o seu irmão, William, foram levados pela Royal Air Force.
O novo rei ressaltou também "o serviço público leal" de sua esposa, Camilla, agora rainha consorte, mas que sofreu por muito tempo por ser acusada pelo rompimento do casamento entre Charles e a princesa Diana.
"Sei que ela será capaz de atender às demandas de seu novo papel com a dedicação inabalável em que tanto confio", disse ele.
"E a minha mãe querida, enquanto você embarca em sua última grande viagem para se juntar ao meu querido falecido pai, só quero dizer isso: obrigado", acrescentou Charles III.
Charles foi ovacionado por milhares de pessoas em seu retorno a Londres da Escócia, 800 km ao norte, onde Elizabeth II morreu na quinta-feira aos 96 anos no castelo de Balmoral.
"Deus salve o rei!", gritou a multidão, quando Charles III e sua esposa, a rainha consorte Camilla, desceram do Rolls Royce oficial que os levou do aeroporto até os portões de Buckingham, onde o estandarte real foi içado para ele pela primeira vez.
O novo monarca apertou muitas mãos e recebeu pessoalmente mensagens de condolências e de apoio.
Convertido automaticamente em rei após a morte de sua mãe, Charles será proclamado formalmente no sábado.
O Conselho de Ascensão se reunirá às 10h locais (6h em Brasília) no Palácio de São Jaime e a proclamação será lida em público uma hora depois a partir de uma sacada, antes de ser repetida em outros locais emblemáticos.
O novo rei reuniu-se pela primeira vez em audiência com a primeira-ministra, a conservadora Liz Truss, nomeada pela rainha Elizabeth II na terça-feira em um de seus últimos atos oficiais.
Elizabeth II foi "uma das maiores líderes que o mundo já conheceu", disse Truss horas antes, durante uma homenagem no Parlamento.
Mais tarde, a primeira-ministra leu uma passagem da Bíblia em uma cerimônia religiosa em memória da rainha na catedral de São Paulo: "Nenhum de nós vive para si mesmo, e ninguém morre para si mesmo, porque se vivemos, vivemos para o Senhor, e se morremos, morremos para o Senhor".
Os sinos da grande catedral anglicana tocaram ao meio-dia, como os da Abadia de Westminster e outras do país, em honra à falecida monarca. Também foram disparadas 96 salvas de canhão em várias partes do Reino Unido, uma para cada ano de vida de Elizabeth.