Rússia lança novos ataques e gera revolta internacional

Rússia lança maior ataque aéreo desde início da guerra na Ucrânia em vingança por ponte da Crimeia; 14 morrem no bombardeio
Agência Estado
Publicado em 10/10/2022 às 22:18
A policeman walks next to a crater following a missile strike in Dnipro on October 10, 2022, amid Russia's invasion of Ukraine. The head of the Ukrainian military said that Russian forces launched at least 75 missiles at Ukraine on Monday morning, with fatal strikes targeting the capital Kyiv, and cities in the south and west. Foto: DIMITAR DILKOFF/AFP


A Rússia lançou ontem uma série de ataques aéreos contra cidades da Ucrânia, incluindo áreas distantes das frentes de batalha, como a capital Kiev, dois dias depois da explosão da ponte do Estreito de Kerch. Os bombardeios mais intenso desde o início do conflito deixaram 14 mortos, segundo autoridades ucranianas.

Os ataques de ontem representam uma escalada no conflito, que preocupa EUA e China. Ontem, o presidente americano, Joe Biden, condenou os bombardeios. "Eles mataram e feriram civis e destruíram alvos sem propósito militar. Eles mais uma vez demonstram a total brutalidade da guerra ilegal de Putin contra o povo ucraniano.

A China foi mais discreta, mas também reagiu com preocupação aos ataques. A porta-voz da chancelaria, Mao Ning, pediu contenção aos dois lados. "Esperamos que a tensão possa diminuir o mais rápido possível", afirmou.

RETALIAÇÃO

O governo da Ucrânia disse que 75 mísseis foram disparados contra centros urbanos, entre eles Kiev, Lviv, Dnipro, Mikolaiv e Zaporizhzia. A defesa aérea ucraniana teria neutralizado 41 disparos, mas ainda assim a capital registrou pelo menos quatro explosões.

Foi o primeiro bombardeio contra Kiev desde junho. No entanto, ao contrário dos ataques de quatro meses atrás, que acertaram principalmente os arredores da capital, os mísseis disparados ontem tiveram como alvo vários locais no centro da cidade.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, admitiu que o país enfrentou "uma manhã difícil". Em vídeo nas redes sociais, ele acusou os russos de mirar alvos civis. "Estamos lidando com terroristas. Eles têm dois alvos: infraestrutura energética e pessoas. Eles querem ver pânico e caos", disse.

Acusações de terrorismo também partiram de Moscou. O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que os disparos de ontem foram uma retaliação às ações da Ucrânia, incluindo a explosão da ponte que liga Rússia e Crimeia. Putin prometeu uma resposta "dura" e "proporcional", caso a Ucrânia realize novos ataques. "Ninguém deve ter dúvidas sobre isso", declarou.

Especialistas disseram que é muito cedo para dizer se os ataques russos terão um impacto nas Forças Armadas da Ucrânia, mas afirmam que eles parecem ter sido realizados com o objetivo de aplacar a pressão de nacionalistas russos para que Putin intensifique a guerra. As críticas ao Kremlin aumentaram com o avanço da contraofensiva ucraniana.

SUCESSO

No sábado, uma explosão destruiu parcialmente a ponte do Estreito de Kerch, uma gigantesca obra que Putin inaugurou em 2018 como uma das principais de seu governo. Ela era usada para levar suprimentos da Rússia para a Crimeia, anexada em 2014. Putin classificou o episódio de "ataque terrorista".

A estratégia de Putin parece ter dado certo. Os nacionalistas russos comemoraram os bombardeios de ontem. Ramzan Kadirov, líder da república russa da Chechênia, um defensor radical da guerra, elogiou a iniciativa.

Sergei Aksinov, líder russo na Crimeia, afirmou que os ataques demonstram uma nova abordagem da Rússia. "Se os militares russos tivessem visado a infraestrutura civil da Ucrânia desde o primeiro dia da operação especial, teríamos encerrado tudo em maio", escreveu Aksinov no Telegram.

INACEITÁVEL

Após o ataque da Rússia em Kiev e outras cidades ucranianas, a Organização das Nações Unidas (ONU) afirmou que seu secretário-geral, António Guterres, está "profundamente chocado" com os bombardeios e que os ataques constituem "outra escalada inaceitável da guerra e, como sempre, os civis estão pagando o preço mais alto".

Outros líderes, como o presidente dos Estados Unidos. Joe Biden, e o presidente da França, Emmanuel Macron, também se pronunciara contra os ataques.

Na terça-feira (11), o G7 irá realizar uma cúpula de emergência, a pedido do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para discutir os últimos ataques.

 

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