Um tanque das forças armadas da Venezuela retira árvores e montanhas de terra em sua passagem, fazendo a limpeza de uma das muitas ruas cobertas pelos deslizamentos que arrasaram a cidade de Las Tejerías, na Venezuela, enquanto a ameaça de chuva nesta quinta-feira (13) pressiona os trabalhos na região.
A Guarda Nacional fechou o acesso a essa cidade montanhosa para acelerar "os trabalhos de limpeza porque há previsão de chuva", enquanto continuam as buscas por mais de 50 pessoas que estão desaparecidas e que se presume que já estão mortas e se somariam aos 43 corpos que já foram encontrados.
"Está ficando nublado. Segunda, terça e quarta não houve chuva. Hoje (ontem, 13), o dia amanheceu com um pouco de nebulosidade e não descartamos que chova pela tarde", disse à AFP Angel Custodio, gerente-geral do Instituto de Meteorologia, Inameh.
A Venezuela está em plena temporada de chuvas e este ano tem sido particularmente bastante chuvoso devido ao fenômeno La Niña, que aumentou a temporada, assim como as cabeças d'água, tempestades e rabos de furacões, além da mudança climática.
No sábado, quando aconteceu a tragédia em Las Tejerías, choveu em oito horas o equivalente a um mês, segundo as autoridades.
"Foi questão de segundos", contou Jesús Chávez, sobrevivente de 32 anos. "Conseguimos saltar de telhado em telhado e as pessoas começaram a gritar: 'Socorro! Socorro!'(...) um menino primeiro, lhe passei um pedaço de cano, mas ele não conseguiu sair porque a corrente era muito forte. Foi levado".
Chávez conseguiu resgatar seis pessoas, entre elas uma mulher "que perdeu seus dois bebês, um de poucos meses".
Com o apoio de cães farejadores e drones, milhares de bombeiros, militares e efetivos da Defesa Civil, com lama na altura dos joelhos e da cintura, mantêm as buscas entre galhos de árvores, escombros e pedras, orientados por moradores que, sem nenhuma esperança de que seus familiares tenham sobrevivido, apenas querem recuperar os corpos para poder sepultá-los.
As autoridades limparam as avenidas principais do povoado, e restituíram os serviços de luz, água e telecomunicações.
Contudo, ainda há muito a fazer. Há lugares que ainda estão completamente inacessíveis.
Militares lançaram de helicópteros na quarta-feira caixas de comida com pequenos paraquedas para atender a áreas isoladas.
"As armas da República a serviço do povo, limpando caminhos em Las Tejerías", escreveu ontem no Twitter Domingo Hernández Lárez, chefe do Comando Estratégico Operacional das Forças Armadas venezuelanas, junto de um vídeo de um tanque antiminas limpando o caminho.
O governo venezuelano habilitou locais para abrigos e anunciou que realocará as famílias em complexos habitacionais sociais em outros estados.
Uma comissão das Nações Unidas tem planos de visitar, com ajuda humanitária, Las Tejerías nesta sexta-feira, disse à AFP uma fonte da organização. Os insumos que serão entregues ainda estão sendo coordenados com as autoridades sanitárias.
"Tivemos uma reunião com representantes das Nações Unidas, de todo o sistema, que já estão se organizando para entrar de maneira coordenada", disse na quarta-feira a vice-presidente Delcy Rodríguez, que está responsável pela equipe governamental que atende à situação de emergência.
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), por sua vez, informou em uma nota que doou ao Ministério da Saúde venezuelano "medicamentos e material de primeiros socorros para 5.000 pessoas".
"Assim será possível atender às necessidades urgentes de pessoas com diabetes e hipertensão e quem padece de infecções cutâneas e pulmonares", indicou. "Foram doados 10.000 tabletes purificadores de água, cada um deles com capacidade para purificar 10 litros".
Uma comissão da Opas já havia visitado a região no domingo, o dia seguinte à tragédia, segundo o comunicado.