Da AFP
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, pediu nesta segunda-feira (5) a abertura de uma investigação criminal sobre uma suposta viagem que reuniu juízes, promotores e empresários da mídia, após a divulgação de mensagens nas quais eram definidas estratégias para ocultá-la.
"Fere a democracia ver a promiscuidade antirrepublicana com que se movem alguns empresários, juízes, promotores e funcionários. Até aqui, eles se sentiram impunes. É hora de começarem a prestar contas por suas condutas", declarou o presidente.
A mensagem da Presidência foi transmitida em rede nacional, "porque é evidente que grande parte do sistema de mídia privado decidiu não dar conta do ocorrido nessa viagem singular a Lago Escondido", explicou Fernández.
A polêmica teve origem em uma viagem realizada em 13 de outubro a Lago Escondido, na Patagônia argentina, da qual participaram juízes, promotores, empresários e funcionários da prefeitura de Buenos Aires, controlada pela oposição, segundo nota do jornal "Página/12", que divulgou o assunto quatro dias depois.
Os viajantes, que se deslocaram em um avião particular, hospedaram-se na casa de campo do milionário britânico Joe Lewis, dono de milhares de hectares no sul do país. Neste fim de semana, veio à tona uma série de mensagens de um chat na plataforma Telegram em que os supostos participantes da viagem combinavam uma estratégia para evitar a sua divulgação e esconder a origem do financiamento, como indicam os áudios e textos divulgados por diversos veículos.
"Parece evidente que a viagem ocorreu, e tudo parece indicar que, sabendo que o fato havia virado notícia, aqueles que teriam participado do mesmo se preocuparam com o risco de terem incorrido em uma série de crimes, como o não cumprimento de deveres de um funcionário público", advertiu o presidente.
O prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, respaldou seu ministro da Justiça, Marcelo D'Alessandro, e garantiu que está à disposição do judiciário.
"Estamos diante de uma nova operação do kirchnerismo que recorre à manipulação da informação e à espionagem ilegal. Tentam distrair a atenção dos temas importantes e gerar a sensação de que somos todos iguais", escreveu Rodríguez Larreta no Twitter.