Três mulheres - uma ativista argentina de direitos humanos, uma advogada de Bangladesh e uma professora de direito paquistanesa - foram nomeadas pela ONU nesta terça-feira (20) para investigar a repressão aos protestos que acontecem no Irã.
O presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU (CDH), Federico Villegas, anunciou a nomeação da argentina Viviana Krsticevic, diretora do Center for Justice and International Law (CEJIL), atuante na defesa dos direitos humanos; de Sara Hossain, advogada do Supremo Tribunal de Bangladesh e ativista veterana dos direitos humanos; e de Shaheen Sardar Ali, professora de direito paquistanês da Universidade de Warwick, no Reino Unido.
Hossain presidirá o grupo, segundo o comunicado da presidência do CDH.
As investigadoras praticamente não têm esperança de poder visitar o Irã para cumprir sua missão, já que as autoridades iranianas se opuseram fortemente ao lançamento desta investigação internacional, votada em 24 de novembro pelos 47 membros do CDH.
Vinte e cinco países votaram sim e seis votaram não (Armênia, China, Cuba, Eritreia, Paquistão e Venezuela), enquanto 16 se abstiveram.
As três mulheres terão de documentar a repressão orquestrada pelas autoridades iranianas e as possíveis violações dos direitos humanos cometidas no país, tendo em vista o lançamento de um eventual processo judicial, no Irã ou no exterior.
O Irã é palco de uma onda de protestos desde a morte de Mahsa Amini, uma jovem curda-iraniana que faleceu em 16 de setembro de 2022 após ser detida em Teerã pela polícia da moralidade, que a acusou de violar o rígido código de vestimenta da República Islâmica.
Desde o início da crise, o Irã anunciou 11 sentenças de morte por envolvimento nos protestos, que considera "motins" e atribui a "inimigos estrangeiros", como Israel e os Estados Unidos.
Até o momento, duas execuções foram realizadas no âmbito das manifestações: a de Mohsen Shekari, em 8 de dezembro, e a de Majidreza Rahnavard, em 12 de dezembro; ambos tinham 23 anos. Rahnavard foi enforcado em público.
Quase 14.000 pessoas foram detidas desde meados de setembro, segundo a ONU, e 469 manifestantes morreram, segundo a organização Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo.