Da AFP
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, criticou, nesta quinta-feira (22), o papel dos Estados Unidos na crise do Peru, ao insinuar que Washington esteve por trás da queda do ex-presidente Pedro Castillo.
López Obrador anunciou que abordará essa questão com o presidente americano, Joe Biden, durante a Cúpula da América do Norte, que acontecerá em 10 de janeiro na Cidade do México.
"Que não haja mais interferência, que essas coisas como as do Peru não aconteçam. Porque, estejam os americanos envolvidos ou não no Peru, existem suspeitas", disse o presidente de esquerda em sua habitual entrevista coletiva matinal.
López Obrador observou que "a primeira mensagem após a destituição do presidente Pedro Castillo [pelo Parlamento] foi a da embaixadora dos Estados Unidos no Peru", Lisa Kenna.
E "quando declararam o estado de emergência", a diplomata foi "se reunir com a presidente nomeada pelo Congresso [Dina Boluarte] no Palácio de Lima", acrescentou.
O presidente mexicano garantiu que vai dizer a Biden que "não ponha ou remova governos na América Latina por vontade de ninguém" e "respeite a soberania dos povos".
A Casa Branca reconheceu Boluarte como presidente um dia após a destituição de Castillo, que está preso após tentar fechar o Legislativo, e elogiou as instituições peruanas por garantirem a "estabilidade democrática".
López Obrador é um dos principais defensores do ex-governante peruano, denunciando que ele é vítima das elites políticas e econômicas do país andino.
Alegando interferência em seus assuntos internos, o novo governo peruano declarou o embaixador mexicano em Lima, Pablo Monroy, "persona non grata". Por sua vez, o México concedeu asilo à família de Castillo e descartou romper relações.
Nesta quinta-feira, o presidente mexicano voltou a defender Castillo, argumentando que sua destituição "foi um golpe do conservadorismo do Peru, do chefe do Peru, que, como os conservadores do México e de outros países, são classistas, racistas e muito corruptos".