INFLAÇÃO

Argentina fechou 2022 com maior inflação em 32 anos

Os itens que sofreram os maiores aumentos de preços foram vestuário e calçados, com 120,8%, e restaurantes e hotéis, com 108,8%

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Filipe Farias

Publicado em 12/01/2023 às 21:56
Sem os requisitos para uma estabilização heterodoxa via dolarização, só resta ao país até as eleições presidenciais administrar o caos - Luis ROBAYO / AFP

Da AFP

A Argentina registrou em 2022 uma inflação anual de 94,8%, a maior em 32 anos e uma das mais altas do mundo, anunciou, nesta quinta-feira (12), o Instituto de Estatísticas Indec. O índice de preços ao consumidor registrou alta de 5,1% em dezembro, distante dos 7,5% de julho, mas acima da alta de 4,9% em novembro.

Os itens que sofreram os maiores aumentos de preços foram vestuário e calçados, com 120,8%, e restaurantes e hotéis, com 108,8%. Entre os que subiram menos, estão comunicação (67,8%) e habitação e serviços públicos (80,4%).

Esse nível de inflação não era registrado desde 1991, quando, em vários meses, houve aumentos interanuais de mais de 100%, após dois anos de hiperinflação superior a 1.000%, em 1989 e 1990.

A terceira maior economia da América Latina está mergulhada em uma inflação crônica de dois dígitos há uma década, um fenômeno de múltiplas causas, tanto internas quanto externas.

Para tentar conter a inflação, o governo de Alberto Fernández (peronismo de centro-esquerda) lançou em dezembro um plano de "Preços Justos", um acordo com as empresas de alimentação e higiene destinado a congelar os preços de cerca de 2.000 itens de primeira necessidade até março e autorizar aumentos mensais de até 4% para outros 30.000 artigos.

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Como parte de um plano mais amplo de desindexação da economia, o governo negocia com as empresas a prorrogação do programa, cuja primeira etapa termina no fim de março.

Crescimento e pobreza

A Argentina fechou o ano de 2022 com um crescimento estimado de 5%, após uma expansão da atividade de 10,3% em 2021, que pôs fim a três anos de recessão.

Em 2023, é esperado um crescimento de 2% do país sul-americano, no âmbito de uma desaceleração geral da economia mundial. Trata-se, de qualquer forma, de um dos níveis mais altos da América Latina, segundo projeções do Banco Mundial.

Apesar da reativação sustentada e da queda do desemprego (7,1%), os salários ficaram para trás por causa da inflação, com fortes perdas do poder aquisitivo. Muitos argentinos caíram na pobreza, que afeta 36,5% da população, de quase 47 milhões de habitantes.

Em um ano eleitoral, com eleições presidenciais em outubro, o governo terá o desafio de "combater a inflação e ordenar os gastos sem esfriar a economia ou propor ajustes dolorosos", declarou dias atrás o ministro da Economia, Sergio Massa.

A Argentina mantém um acordo de crédito de 44 bilhões de dólares com o Fundo Monetário Internacional, por meio do qual se comprometeu a aumentar suas reservas internacionais e reduzir o déficit fiscal.

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