Da AFP
Mais de 120 mil pessoas foram feridas por gás lacrimogêneo ou balas disparadas pela polícia durante protestos em todo o mundo desde 2015, de acordo com um relatório divulgado nesta quarta-feira (22).
A associação Médicos para os Direitos Humanos (PHR, na sigla em inglês), a Rede Internacional de Organizações pelas Liberdades Civis (INCLO, em inglês) e a Fundação britânica Omega revisaram os relatórios médicos das manifestações multitudinárias no Chile e na Colômbia, as concentrações do movimento dos coletes amarelos na França, as marchas antirracistas Black Lives Matter e os protestos pró-democracia em Hong Kong e em Mianmar, entre outros.
Com base nesses dados, seu relatório, "Lethal in Disguise" (Letalidade Disfarçada) descreve o impacto na saúde do uso de armas não letais usadas por forças policiais em todo o mundo diante do "exercício legítimo de um direito democrático".
De acordo com o relatório, gás lacrimogêneo e outros irritantes químicos feriram 119.113 pessoas nos últimos sete anos, 4% das quais precisaram de hospitalização ou cirurgia. Pelo menos 14 pessoas morreram após inalar esses gases.
Os chamados projéteis de "defesa", incluindo balas de borracha, feriram 2.190 pessoas, 65% delas nos olhos. Pelo menos 945 pessoas ficaram com sequelas ao longo da vida e 12 morreram após este impacto, dizem os autores do estudo, que também descrevem as consequências de granadas de efeito moral, canhões de água ou cassetetes.
ABUSO DE PODER
De acordo com as organizações, as forças da ordem, mesmo em países democráticos, tendem a abusar de seu poder diante de movimentos de protesto que se multiplicaram desde o início do século XXI.
Em vez de dispersar as multidões, "isso muitas vezes leva a novas tensões e a uma escalada de conflitos", lamentam as organizações, que recomendam uma melhor regulamentação e uso não indiscriminado dessas armas, bem como um melhor treinamento dos agentes para seu uso.