AFP
Catorze combatentes pró-iranianos morreram em bombardeios dos Estados Unidos no leste da Síria, lançados em retaliação a um ataque com drone que matou, horas antes, um americano e feriu outros seis — informaram Washington e uma ONG nesta sexta-feira (24).
Um americano contratado pelas forças dos EUA foi morto, enquanto outro trabalhador terceirizado e cinco soldados, também americanos, ficaram feridos, quando um drone explosivo "de origem iraniana" atingiu uma base de manutenção perto de Hasaké, no nordeste da Síria, na quinta-feira (23), informou o Pentágono em um comunicado.
Em resposta, o secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, disse que ordenou, sob a indicação do presidente Joe Biden, "ataques aéreos de precisão esta noite no leste da Síria, contra instalações usadas por grupos afiliados à Guarda Revolucionária Iraniana".
"Os ataques aéreos foram realizados em resposta ao ataque de hoje, bem como em resposta a uma série de ataques recentes contra as forças da coalizão na Síria por grupos afiliados à Guarda Revolucionária", explicou Austin.
O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede no Reino Unido e dotada de uma rede ampla de informantes na Síria, informou que 14 pessoas morreram nos bombardeios americanos, incluindo nove sírios.
"Os ataques americanos tiveram como alvo um depósito de armas na cidade de Deir Ezzor, e mataram seis combatentes pró-iranianos", disse.
"Outros dois combatentes morreram em ataques contra [posições em] o deserto de Al Mayadin, e outros seis, perto de Al Bukamal", acrescentou o diretor desta ONG, Rami Abdel Rahman.
Grupos pró-iranianos instalados perto da cidade de Al Mayadin dispararam três mísseis perto de uma base americana nesta sexta, disse Abdel Rahman.
Dois dos projéteis atingiram o maior campo de petróleo da Síria, Al Omar, onde fica a base americana, sem causar danos. O terceiro atingiu uma casa vizinha.
Cerca de 900 soldados americanos estão na Síria como parte de uma coalizão internacional que luta contra o que resta do grupo extremista Estado Islâmico (EI). Esses militares são alvos frequentes de ataques lançados por milícias.
“Como o presidente Biden afirmou claramente, tomaremos todas as medidas necessárias para defender nossos concidadãos e vamos responder sempre no momento e local de nossa escolha”, enfatizou o secretário da Defesa.
Grupos iranianos e seus aliados, partidários do governo de Damasco, estão fortemente estabelecidos nessas áreas próximas à fronteira com o Iraque, que constituem um importante ponto de passagem de armas para a Síria.
As tropas americanas também apoiam as Forças Democráticas da Síria, o exército de fato dos curdos na região, que liderou a batalha contra o grupo EI para removê-lo dos últimos territórios que controlava na Síria em 2019.
Em agosto de 2022, o presidente americano ordenou ataques de retaliação na província síria de Deir Ezzor, rica em petróleo, depois que um posto avançado da coalizão antijihadista foi atacado por um drone, que não deixou vítimas.
Esse ataque ocorreu na mesma data em que a mídia estatal iraniana noticiou a morte de um general da Guarda Revolucionária dias antes, enquanto ele estava "em missão na Síria como conselheiro militar".
O Irã, um fiel aliado do governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, afirma ter enviado militares ao país a convite de Damasco e apenas em caráter consultivo.
A coalizão internacional liderada pelos EUA reconheceu repetidamente a realização de ataques no leste da Síria contra combatentes pró-iranianos.
Israel também realizou vários ataques na Síria, mas raramente assume a responsabilidade por eles.