GUERRA DA UCRÂNIA

Mais de 30 crianças retornam à Ucrânia após terem sido levadas para a Rússia

Crianças resgatadas contaram que, ao chegar nos acampamentos na fronteira russa ou na Crimeia, eram informadas de ficariam por mais tempo e seriam adotadas

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 09/04/2023 às 18:04 | Atualizado em 09/04/2023 às 18:07
ONG destacou que as repatriações de mulheres e crianças dos campos de Al-Hol e Roj aumentaram 60% em 2022 - BULENT KILIC/AFP

Da Agência Estado

Mais de 30 crianças retornaram à Ucrânia no último sábado (8/4), depois de uma longa operação para buscá-las na Rússia, segundo informou o chefe de uma organização de resgate ucraniana. Mães e pais abraçaram seus filhos na fronteira da Ucrânia com Belarus depois de uma complexa operação de resgate.

Segundo Mikola Kuleba, diretor executivo da organização Save Ukraine, 31 crianças retornaram à Ucrânia após a quinta operação de resgate da organização que busca por crianças deportadas à força por tropas russas à Rússia ou à Crimeia ocupada.

Segundo relataram à agência Reuters algumas das crianças resgatadas, elas deixaram regiões ucranianas ocupadas por tropas russas para acampamentos na fronteira russa ou na Crimeia, mas quando chegavam ao local, eram informadas de ficariam por mais tempo e seriam adotadas.

"Houve crianças que mudaram de lugar cinco vezes em cinco meses, algumas crianças dizem que viviam com ratos e baratas", disse Kuleba durante a coletiva de imprensa. Segundo ele, a maioria dessas crianças são das regiões de Kherson e Kharkiv.

DEPORTAÇÃO VIROU PREOCUPAÇÃO

As deportações de crianças ucranianas têm sido uma preocupação desde a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. O Tribunal Penal Internacional aumentou a pressão sobre a Rússia quando emitiu mandados de prisão em 17 de março para o presidente Vladimir Putin e a comissária russa para os direitos das crianças, Maria Lvova-Belova, acusando-os de sequestrar crianças da Ucrânia.

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"Esta foi a mais desafiadora de todas as missões de resgate anteriores devido à campanha de informação em larga escala da Rússia", disse Kuleba no Twitter. "Quando as mães ucranianas foram submetidas a um interrogatório de 13 horas pela FSB serviço de segurança da Rússia, a comissária russa para os direitos da criança, Maria Lvova-Belova, deu uma entrevista coletiva, tentando impor uma versão distorcida dos acontecimentos ao mundo."

CRISE Maioria dos refugiados é formada por mulheres com crianças - ATTILA KISBENEDEK / AFP

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha disse esta semana que esteve em contato com Lvova-Belova, a primeira confirmação de intervenção internacional de alto nível para reunir famílias com crianças deportadas à força.

O porta-voz do CICV, Jason Straziuso, disse que a organização está em contato com Lvova-Belova "de acordo com seu mandato de restaurar o contato entre famílias separadas e facilitar a reunificação sempre que possível".

INVESTIGAÇÃO SOBRE DEPORTAÇÕES

Uma investigação da Associated Press revelou o envolvimento de Lvova-Belova nas separações de crianças e suas famílias e encontrou um esforço aberto para colocar crianças ucranianas para adoção na Rússia.

A comissária disse em uma reunião informal do Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira que as crianças foram levadas para sua segurança, não sequestradas - uma alegação amplamente rejeitada pela comunidade internacional.

O número exato de crianças ucranianas levadas para a Rússia tem sido difícil de determinar. Um comunicado publicado na quarta-feira no Twitter pelo embaixador da Ucrânia na ONU, Sergi Kislitsia, disse que mais de 19.500 crianças foram retiradas de suas famílias ou orfanatos e deportadas à força.

 

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