Autoridades e investidores do Ocidente evitaram ir ao Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo deste ano, no qual o presidente russo, Vladimir Putin, falou nesta sexta-feira, 16. O evento é o principal fórum russo para atrair capital estrangeiro.
O Kremlin também havia proibido anteriormente jornalistas de países que a Rússia considera "hostis" de cobrir o evento que começou nessa quarta-feira e continua até sábado.
Moscou impôs essa designação a dezenas de países, incluindo Estados Unidos, Canadá, membros da União Europeia e Austrália, em conexão com as sanções do Ocidente por causa da guerra na Ucrânia.
No entanto, Putin disse na sessão plenária do fórum: "Não entramos no caminho do autoisolamento. Muito pelo contrário - ampliamos os contatos com parceiros confiáveis e responsáveis nos países e regiões que servem como motor, os drivers da economia mundial hoje. Gostaria de reiterar: esses são os mercados do futuro, todos entendem claramente."
Uma lista de empresas estrangeiras presentes não foi divulgada, mas o programa para os mais de 100 painéis de discussão mostrou uma grande maioria de palestrantes vindos da Rússia.
Enquanto uma das sessões do painel elogiava o país como um "centro global de tecnologia', as descrições de outras pessoas admitiam tacitamente o crescente isolamento econômico de Moscou desde a invasão da Ucrânia em fevereiro passado.
Ao discursar, Putin também defendeu veementemente o envio de tropas da Rússia para a Ucrânia e repetiu suas afirmações de que o governo ucraniano é um regime neonazista, apesar das raízes judaicas do presidente Volodymyr Zelensky.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou nesta sexta-feira, 16, que as forças ucranianas intensificaram as operações ao longo da linha de frente e estão progredindo, mas que enfrentam terreno difícil, tropas russas entrincheiradas e combates ferozes.
Em comunicado após a reunião de ministros da Defesa da organização, ele sublinhou que o aumento do apoio à Ucrânia continua crucial.
O encontro foi o último antes da reunião dos líderes da Otan deste ano, que acontece em Vilnius, na Lituânia, nos dias 11 e 12 de julho.
O secretário destacou ainda que a organização está trabalhando para estabelecer um novo Conselho Otan-Ucrânia, onde a Ucrânia e os aliados consultarão e decidirão sobre questões de segurança em igualdade de condições. "Nossa ambição é ter a primeira reunião do novo Conselho em Vilnius, com o presidente Volodymyr Zelensky", afirmou.
Na Cúpula de Vilnius, os aliados também tomarão medidas para fortalecer ainda mais a dissuasão e a defesa, inclusive com novos planos regionais.
Stoltenberg destacou que, pela primeira vez desde a Guerra Fria, os países membros da Otan estão "conectando totalmente o planejamento de nossa defesa coletiva com o planejamento de nossas forças, capacidades e comando e controle" e que a Otan terá mais de 300 mil soldados em alta prontidão, apoiado por capacidades aéreas e marítimas substanciais "para defender cada centímetro do território aliado contra qualquer ameaça".
Ele disse que espera que os aliados da Otan assumam um compromisso mais ambicioso de investimento em defesa em Vilnius, com 2% do PIB para gastos com defesa como um piso, não um teto.
O Grupo de Planejamento Nuclear da Otan também se reuniu para discutir os aspectos nucleares do atual ambiente de segurança e a adaptação em andamento da dissuasão.