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Chile lança plano de busca de mais de mil presos desaparecidos na ditadura

O principal obstáculo para encontrar os desaparecidos tem sido a pouca colaboração das Forças Armadas

Cadastrado por

Filipe Farias

Publicado em 30/08/2023 às 19:39
Estado chileno vai assumir, pela primeira vez, a busca de 1.162 presos desaparecidos durante a ditadura
Estado chileno vai assumir, pela primeira vez, a busca de 1.162 presos desaparecidos durante a ditadura - Martin BERNETTI / AFP

Da AFP

O Estado chileno vai assumir, pela primeira vez, a busca de 1.162 presos desaparecidos durante a ditadura, anunciou, nesta quarta-feira (30), o presidente Gabriel Boric, às vésperas dos 50 anos do golpe militar liderado por Augusto Pinochet.

Durante décadas, a busca pelos desaparecidos ficou a cargo quase exclusivamente das famílias, que encontraram apenas os restos mortais de 307 pessoas. Ainda não se sabe o paradeiro de outras 1.162 vítimas.

"Este número deve doer e fazer nosso sangue queimar porque dá conta da magnitude da dívida que temos, como Estado e como sociedade", disse Boric, ao lançar o Plano Nacional de Busca da Verdade e da Justiça, a primeira iniciativa oficial do tipo.

Boric fez o anúncio durante uma cerimônia nos arredores do palácio presidencial de La Moneda, na qual as forças opositoras da direita estiveram presentes.

Com financiamento estatal, o plano tem como objetivo reconstituir a trajetória das vítimas após sua prisão e desaparecimento.

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A busca agora será um dever permanente do Estado e não só das famílias, disse Boric.

A maioria dos desaparecidos era de operários e camponeses, com idade média de 29 anos.

"Nenhum outro governo teve essa vontade política que era necessária para que este calvário não seja apenas dos familiares, mas de toda a sociedade e do Estado, que fez nossos familiares desaparecerem", disse, durante a cerimônia, Gaby Rivera, presidente do Grupo de Familiares de Presos Desaparecidos.

FORÇAS ARMADAS DIFICULTAM

Até agora, o principal obstáculo para encontrar os desaparecidos tem sido a pouca colaboração das Forças Armadas, o que os familiares atribuem a um "pacto de silêncio" que se mantém desde a ditadura (1973-1990).

Em uma mesa de diálogo instalada no fim dos anos 1990, os militares aportaram dados de cerca de 200 presos, cujos corpos, asseguraram, tinham sido atirados no mar.

No entanto, alguns destes restos mortais foram encontrados em valas comuns.

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