ATAQUES A ISRAEL

Entenda o que é o Hamas, grupo que luta contra Israel

O Hamas surgiu em 1987, durante a primeira Intifada, conflito entre civis palestinos e tropas israelenses contra a ocupação dos territórios

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Estadão Conteúdo

Publicado em 07/10/2023 às 19:53
Os conflitos entre árabes e judeus na região começaram no século XX - Mahmoud ZAYYAT / AFP

Organização fundamentalista islâmica da Palestina, o Hamas é um grupo muçulmano sunita, que interpreta os ensinamentos do Alcorão, livro sagrado da religião islâmica, de forma extremista e radical. É dividido em três braços: uma entidade filantrópica, um partido político e um braço armado. O nome é uma sigla em árabe para Movimento de Resistência Islâmica. O grupo é atualmente a maior organização islâmica nos territórios palestinos, e é considerado terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Reino Unido.

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O Hamas surgiu em 1987, durante a primeira Intifada, conflito entre civis palestinos e tropas israelenses contra a ocupação dos territórios, no qual os palestinos atacavam os inimigos principalmente com pedras. Inspirado na Irmandade Muçulmana, grupo presente no vizinho Egito, o Hamas tentou organizar a resistência dos palestinos nos territórios ocupados da Faixa de Gaza e da Cisjordânia.

Desde então, superou o Fatah, grupo eminentemente político que tenta negociar com Israel, e se tornou a principal organização presente nos territórios palestinos. Outros grupos menores considerados terroristas, como a Jihad Islâmica, têm os mesmos objetivos.

ÁRABES E JUDEUS

Os conflitos entre árabes e judeus na região começaram no século XX, principalmente a partir de 1948, quando a Organização das Nações Unidas (ONU) determinou a criação de dois Estados onde antes ficava o Mandato Britânico da Palestina, território colonizado.

Um dos Estados deveria ser o “lar nacional” dos judeus, povo que havia acabado de passar pelo Holocausto, e o outro árabe. A criação de Israel para os judeus foi concretizada, mas a da Palestina para os árabes nunca chegou a ser concluída. Logo após a retirada das tropas britânicas da região, uma guerra estourou entre Israel e os países vizinhos, e muitas famílias palestinas foram deslocadas de áreas onde viviam há gerações.

Países como Egito e Jordânia guerrearam contra Israel em diversas ocasiões, como 1948, 1967 e 1973, mas Israel venceu os conflitos. Com o tempo, os países assinaram acordos de cessar-fogo ou normalizaram as relações com Israel, enquanto os dois territórios que compõem a Palestina, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, seguiram ocupados militarmente.

Nesse contexto, ocorreu a primeira Intifada e o surgimento do Hamas, que em sua carta de princípios pregava o estabelecimento de um Estado palestino em todo o território que correspondia ao Mandato Britânico, excluindo a possibilidade de existência de Israel e de qualquer paz com os judeus - a posição foi considerada antissemita.

Na década de 1990, acordos entre o Fatah e o governo israelense chegaram a ser assinados, mas radicais tanto israelenses quanto palestinos se opuseram. Em fevereiro e março de 1996, o Hamas realizou vários atentados suicidas em ônibus, matando quase 60 israelenses, em retaliação pelo assassinato, em dezembro de 1995, do fabricante de bombas do grupo, Yahya Ayyash. Os acordos de paz, negociados na cidade norueguesa de Oslo, nunca foram totalmente implementados e uma segunda Intifada ocorreu entre 2000 e 2005.

PARTICIPAÇÃO POLÍTICA 

Em 2006, o Hamas venceu eleições legislativas para o comando da Autoridade Nacional Palestina, órgão com algumas funções de governo, e assumiu o controle da Faixa de Gaza, enquanto a Cisjordânia continuou sob o comando do Fatah. Desde então, episódios de violência entre o Hamas e Israel ocorrem, nos quais o Hamas ataca Israel com mísseis e foguetes, e o exército israelense responde com ataques aéreos e, por vezes, terrestre. Em 2017, a carta de princípios do Hamas foi atualizada, suavizando algumas posições. Nele, o grupo diz que a luta não seria contra os judeus, mas contra “os agressores sionistas de ocupação”. Em resposta, Israel disse que o grupo estava “tentando enganar o mundo”.

O grupo faz parte de uma aliança regional que inclui países como Síria, Irã e o grupo libanês Hezbollah, que também se opõem a Israel.

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