GUERRA EM ISRAEL

Chegam ao Egito 28 bebês retirados de Gaza; Hamas denuncia novo bombardeio a hospital

Na Cidade de Gaza, governada pelo Hamas, o Ministério da Saúde acusou o exército israelense de matar pelo menos 12 pessoas em um bombardeio contra o Hospital Indonésio, localizado no norte do território

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AFP

Publicado em 20/11/2023 às 22:00
O porta-voz do Ministério da Saúde informou que as tropas israelenses estavam "cercando" o Hospital Indonésio - Israeli Army / AFP

Vinte e oito bebês prematuros foram evacuados, nesta segunda-feira (20), para o Egito procedentes da Faixa de Gaza, onde o movimento islamista Hamas, que governa o território palestino, acusou Israel de bombardear o Hospital Indonésio.

"Hoje, 28 dos 31 recém-nascidos evacuados ontem do hospital Al Shifa foram trasladados são e salvos para o [hospital] de Al Arish, para receber tratamento médico no Egito", disse o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, na rede social X, antigo Twitter.

Ele informou que 12 bebês foram trasladados ao Cairo e que três prematuros permanecem ainda no sul da Faixa de Gaza.

MORTES EM HOSPITAL

Na Cidade de Gaza, governada pelo Hamas, o Ministério da Saúde acusou o exército israelense de matar pelo menos 12 pessoas em um bombardeio contra o Hospital Indonésio, localizado no norte do território, onde quarteirões inteiros foram reduzidos a cinzas.

Entre os mortos, há pacientes do hospital, "cercado" pelas tropas israelenses, informou Ashraf al Quidreh, porta-voz do ministério.

Cerca de 200 pacientes foram evacuados do hospital com ajuda do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, mas ainda há centenas de pessoas no recinto, acrescentou.

Israel não reagiu de imediato. O país bombardeia a Faixa de Gaza desde 7 de outubro, em resposta ao ataque lançado pelo Hamas contra seu território, no qual milicianos islamistas mataram cerca de 1.200 pessoas e sequestraram outras 240, segundo as autoridades israelenses.

Paralelamente aos bombardeios, Israel, que prometeu "aniquilar" o Hamas, realiza operações terrestres em Gaza. O grupo islamista afirma que mais de 13.300 pessoas, entre elas milhares de menores, morreram desde o início da guerra.

"Estamos assistindo a um massacre de civis que não tem comparação, nem precedentes em nenhum conflito desde que sou secretário-geral", declarou o chefe das Nações Unidas, António Guterres.

CERCO AO HOSPITAL

O porta-voz do Ministério da Saúde informou que as tropas israelenses estavam "cercando" o Hospital Indonésio, situado ao lado do campo de refugiados de Jabaliya, e que temia que acontecesse "o mesmo que no Al Shifa".

Este último, o maior hospital de Gaza, foi evacuado no fim de semana após uma ordem de tropas israelenses, que entraram no recinto na semana passada.

Israel acusa o movimento islamista de usar centros sanitários com fins militares e os civis como "escudos humanos", o que o Hamas nega.

O exército israelense divulgou vídeos no domingo, cuja autenticidade a AFP não pôde verificar, de dois reféns do Nepal e da Tailândia, afirmando que foram levados ao hospital Al Shifa. Também apresentou imagens de um suposto túnel de 55 metros debaixo do centro sanitário.

As autoridades israelenses rejeitam os pedidos de um cessar-fogo até que os reféns sejam libertados, uma questão que é tema de negociações.

O presidente americano, Joe Biden, mostrou-se otimista nesta segunda-feira a respeito de um acordo.

"Acredito que sim", respondeu, ao ser perguntado se as partes em conflito, com a mediação do Catar, estão perto de alcançar um pacto.

Enquanto isso, o CICV informou, nesta segunda, que sua presidente, Mirjana Spoljaric, viajou ao Catar para se reunir com o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, e, separadamente, com autoridades do emirado, que mediam as negociações para libertar os reféns.

Entre os sequestrados há israelenses e estrangeiros, incluindo crianças, adolescentes e idosos.

Familiares de menores capturados pelo Hamas instaram a ONU, nesta segunda-feira, a exercer pressão para sua libertação em um protesto em frente ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Tel Aviv.

COMBATES AO NORTE DE GAZA

Os combates entre os milicianos do Hamas e as tropas israelenses se concentram no norte da Faixa de Gaza, o que levou muitos civis a fugirem para o sul do território.

A ONG Médicos sem Fronteiras (MSF) alertou, na rede X, que sua clínica em Gaza tinha sido atacada e que havia "intensos combates em seu redor". As 21 pessoas que permanecem em seu interior estão "em perigo extremo", alertou a organização.

Segundo a ONU, mais de dois terços dos 2,4 milhões de habitantes deste pequeno território palestino foram deslocados pela guerra.

"É como o apocalipse, é difícil, muito difícil", relatou Renad al Helou, aos prantos. "Há pessoas que perderam filhos e filhas, há feridos e mulheres grávidas", acrescentou a mulher.

ATUAÇÃO NO SUL

Um alto oficial militar israelense informou à imprensa, nesta segunda, que se o exército quiser acabar com o Hamas, precisa "ir para o sul" de Gaza.

Em Khan Yunis, no sudoeste deste território, será montado um hospital de campanha enviado da Jordânia, informaram funcionários palestinos.

A guerra gerou temores de uma escalada regional do conflito e as trocas de tiros entre os soldados de Israel e o membros do movimento libanês Hezbollah são frequentes desde 7 de outubro.

Apoiado pelo Irã, o Hezbollah afirmou, nesta segunda, ter lançado uma série de ataques com drones, mísseis e projéteis de artilharia contra o exército israelense na fronteira com o Líbano.

Em resposta, Israel disse ter bombardeado "infraestruturas terroristas do Hezbollah".

 

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