Javier Milei, presidente eleito da Argentina, assume o governo neste domingo (10), mas já prepara um pacote de 14 medidas para dar fôlego à economia do país. Segundo o jornal Clarín, o pacote, que será anunciado na segunda-feira, prevê corte de gastos, aumento de impostos, privatizações e desvalorização da moeda.
Segundo o jornal argentino, o pacote estabelece medidas fiscais de "realização imediata" e não precisa da aprovação do Congresso. O texto final ainda está sendo redigido pelo gabinete, mas o futuro ministro da Economia, Luis Caputo, já sinalizou que o objetivo é alcançar o déficit zero em 2024.
O maior desafio de Milei é conter a inflação, que atingiu 142,7% na variação anual em outubro. "Se você parar hoje com a emissão monetária, esse processo levará entre 18 e 24 meses", afirmou o presidente eleito, em entrevista após a vitória nas urnas, se referindo ao prazo previsto para os preços se estabilizarem.
PRIVATIZAÇÕES COMO ESTRATÉGIA
De acordo com aliados, os primeiros passos do novo governo serão na direção de uma reforma do Estado, que incluirá privatizações. Milei incluiu entre as estatais a serem privatizadas a petrolífera YPF e os veículos públicos de comunicação.
Milei prometeu que, antes de privatizar a YPF, "primeiro é preciso reestruturá-la" e "racionalizar" sua estrutura. A empresa foi estatizada em 2012, no mandato da então presidente Cristina Kirchner, atual vice da Argentina. O libertário disse que a "deterioração da empresa" é culpa da sua gestão.
A privatização da petrolífera, no entanto, precisaria por lei do aval de dois terços de deputados e senadores, o que pode complicar a tarefa. Já a Aerolíneas Argentinas, a companhia aérea nacional, privatizada em 1990 e reestatizada em 2008, seria um alvo mais fácil. A venda passaria pelo Congresso, mas com menos restrições.
Outros pontos do pacote de Milei incluem a suspensão da emissão de moeda, o fim de subsídios, a interrupção de obras públicas, o aumento de impostos sobre importações, entre outros.
ENCONTRO COM BOLSONARO
Quem se reuniu na sexta-feira (8) com Milei foi o ex-presidente Jair Bolsonaro. Embora esteja acompanhado de uma extensa comitiva, apenas alguns aliados puderam participar do encontro. Imagens da reunião mostraram os dois acompanhados pelo ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten, pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e pelo ex-ministro Gilson Machado Neto.
A ex-candidata à presidência da Argentina Patricia Bullrich, indicada por Milei para assumir o Ministério da Segurança Pública, também esteve no encontro. "Foi uma reunião entre amigos", disse Bolsonaro, ao sair da sala.