O presidente Luiz Inácio Lula da Silva instou neste sábado (9) o seu homólogo venezuelano, Nicolás Maduro, por telefone, a não tomar "medidas unilaterais" que intensificariam a disputa fronteiriça que Caracas mantém com a vizinha Guiana, informou seu gabinete.
"Lula ressaltou que é importante evitar medidas unilaterais que levem a uma escalada da situação" na disputada região de Essequibo, uma área rica em petróleo, disse o Palácio do Planalto em comunicado, acrescentando que o presidente expressou a "crescente preocupação" dos países sul-americanos e apelou ao diálogo para resolver a disputa.
Lula teria expressado a seu homólogo venezuelano a "crescente preocupação" de oito países sul-americanos, citando uma declaração conjunta acordada na quinta-feira à margem da cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro – assinada por Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai – pedindo a ambas as partes que negociem para buscar uma "solução pacífica" para a disputa territorial.
Lula reiterou esse apelo em sua conversa com Maduro, propondo que o presidente de turno da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) entre em contato com ambas as partes para iniciar as negociações sobre a disputa, informou a assessoria do Palácio do Planalto.
Segundo a nota, Lula disse ao líder venezuelano: "Somos uma região de paz."
TENSÃO
A tensão sobre Essequibo aumentou desde que o governo Maduro realizou um polêmico referendo no último domingo, no qual 95% dos eleitores apoiaram a declaração da Venezuela como legítima detentora da região, de acordo com resultados oficiais.
Devido às tensões, o Brasil decidiu reforçar há alguns dias sua presença militar na fronteira com Venezuela e Guiana. Os Estados Unidos, por sua vez, anunciaram na quinta-feira exercícios aéreos militares na Guiana.