O órgão de serviços diplomáticos da União Europeia disse neste sábado, 2, que vários palestinos mortos e feridos durante a entrega de alimentos de um comboio humanitário em Gaza foram atingidos pelo Exército de Israel. Em comunicado, o órgão pede ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que ordene um "cessar urgente das hostilidades" para permitir a entrega de uma "ajuda humanitária massiva e adequada".
"Na última quinta-feira, mais de 100 civis foram mortos e muitos outros feridos enquanto tentavam desesperadamente conseguir alimentos de um comboio, vários deles vítimas de disparos do Exército de Israel durante a debandada que se seguiu. O tiroteio por soldados israelenses contra civis tentando acessar alimentos é injustificável", criticou o Serviço Europeu de Ação Externa, em nota.
No documento, o órgão pede que seja realizada uma investigação internacional independente e imparcial para esclarecer os acontecimentos e quem foram os devidos responsáveis. Mas reforça que, em todo o caso, recai sobre Israel a responsabilidade de cumprir as regras da lei internacional e proteger a distribuição de ajuda humanitária para populações civis.
"Este acidente sério revela que as restrições na entrada de ajuda humanitária contribuíram para criar escassez, fome e doenças, mas também um nível de desespero que traz violência", notou.
Desde o início das operações de Israel na Faixa de Gaza, o suprimento de ajuda humanitária diminuiu significativamente, sendo completamente cortado em alguns períodos, apesar de alertas de agências humanitárias sobre os riscos para a população palestina.
Moradores do norte de Gaza disseram à jornalistas da Associated Press que passaram a procurar em pilhas de entulho e lixo qualquer coisa para alimentar seus filhos, que mal fazem uma refeição por dia. Muitas famílias começaram a misturar alimentos para animais com grãos para fazer pão. A ONU alerta que a fome extrema "é iminente".
Em nota, a UE lembrou que tem condenado repetidamente os ataques terroristas do Hamas e outros grupos em 7 de outubro, apoiando o direito de defesa de Israel nos limites da lei internacional. O órgão reiterou que seguirá pedindo a libertação dos reféns israelenses, mas defendeu uma pausa humanitária imediata para permitir entrega em larga escala de ajuda humanitária.
"Entregas aéreas devem ser o último recurso, considerando que seu impacto é mínimo, porém, não ausente de riscos para civis", concluiu, contrariando a ideia dos Estados Unidos, que começaram neste sábado a lançar ajuda de aviões.