A Turquia está disposta a sediar uma reunião de cúpula de paz entre Rússia e Ucrânia, declarou nesta sexta-feira (8), o presidente Recep Eredogan, após receber em Istambul o colega ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"Estamos dispostos a sediar uma cúpula de paz na qual a Rússia também esteja presente", declarou Erdogan, durante coletiva de imprensa em Istambul. “Ao mesmo tempo que mantemos nossa solidariedade à Ucrânia, continuaremos trabalhando para pôr fim à guerra e para uma paz justa com base em uma negociação.”
A Turquia, membro da Otan, posicionou-se desde o começo da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, como um mediador-chave do conflito.
A proposta de Erdogan, cujo país mantém boas relações tanto com Moscou quanto com Kiev, é feita no momento em que a Ucrânia enfrenta uma pressão crescente no front, onde perdeu terreno para a Rússia.
Zelensky disse que a conversa com Erdogan foi produtiva e agradeceu à Turquia pelo reconhecimento "da integridade territorial da Ucrânia desde o começo, incluindo a península da Crimeia", anexada por Moscou em 2014. No entanto, descartou a ideia de negociar diretamente com a Rússia e estabeleceu a retirada das tropas de Moscou como condição para o início de negociações.
O presidente da Ucrânia anunciou uma reunião de cúpula na Suíça sem a Rússia, na qual Kiev vai promover sua própria “fórmula de paz”: “Não vemos como convidar pessoas que bloqueiam, destroem e matam tudo. Queremos obter resultados.”
Exportações pelo Mar Negro
Os líderes conversaram sobre a segurança portuária e a navegação no Mar Negro, a troca de prisioneiros e a segurança alimentar, informou Erdogan, ressaltando que compartilham as mesmas opiniões.
Nas primeiras semanas da guerra, a Turquia mediou conversas visando a um cessar-fogo, mas as negociações fracassaram e o governo turco tenta retomá-las. Sua localização estratégica no Mar Negro e seu controle do Estreito de Bósforo lhe conferem um papel militar, político e econômico fundamental no conflito.
Em julho de 2022, Ancara conseguiu selar um acordo entre os dois países, com a ajuda das Nações Unidas, para a exportação de grãos pelo Mar Negro. O acordo permitiu à Ucrânia exportar 33 milhões de toneladas de grãos, segundo a ONU, mas a Rússia criticou os obstáculos às suas próprias exportações agrícolas e se retirou do acordo um ano depois. Desde então, Kiev usa uma rota marítima ao longo da costa para evitar as disputadas águas internacionais.
Os aliados ocidentais de Ancara expressaram preocupação com sua relação com Moscou, da qual a Turquia depende para seu abastecimento energético.
Rússia e Ucrânia se acusaram mutuamente hoje de matar civis em bombardeios com drones.