O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) anunciou oficialmente que Nicolás Maduro será candidato à reeleição no pleito de 28 de julho. A candidatura foi lançada durante a plenária do 5º Congresso do PSUV neste sábado, 16.
"Tenho andado pelas ruas num lindo reencontro com o povo, viajando de ponta a ponta do nosso país. Aonde quer que você vá, o que você encontra é um povo patriótico, cheio de heroísmo, mas, acima de tudo, cheio de esperança", diz trecho do discurso de Maduro na plenária, destacado pelo gabinete presidencial venezuelano no X (antigo Twitter).
Maduro está no poder desde 2013, quando assumiu o cargo após a morte de Hugo Chávez, de quem era vice. Venceu duas eleições, em 2013 e 2018, ambos os pleitos contestados pela oposição.
"Aqui está o seu partido, o partido do comandante (Hugo) Chávez", acrescentou dirigindo-se ao governante.
Cenário
Maduro buscará um terceiro mandato de seis anos, mas quem ele enfrentará? A oposição está em uma encruzilhada após a exclusão da candidata que poderia vencê-lo na disputa.
Mais de quatro milhões de militantes do Partido Socialista Unido Unido da Venezuela (PSUV), presidido por Maduro, decidiram apresentar o governante de 61 anos para as eleições de 28 de julho.
"Aqui há apenas um destino: a vitória popular", declarou Maduro após receber a indicação em um congresso do PSUV em Caracas. "Façam o que fizerem, digam o que disserem, não puderam e nunca poderão conosco."
O ato foi uma formalidade. Maduro está em campanha há semanas e tem multiplicado suas aparições públicas, o que até recentemente era uma exceção. Herdeiro do falecido Hugo Chávez, juntos os dois somam um quarto de século governando a Venezuela.
Enquanto isso, a oposição busca, correndo contra o tempo, definir um nome que possa concorrer, após a inabilitação para cargos públicos de María Corina Machado, favorita nas pesquisas.
A candidata de centro-direita, no entanto, descartou abandonar sua candidatura e continua em campanha.
Colapso econômico e sanções
Em fevereiro, o chavismo comemorou 25 anos no poder, os últimos 11 liderados por Maduro após a morte de Chávez em 2013.
Sua presidência foi marcada por acusações de violações dos direitos humanos, sanções internacionais, o colapso da economia - o PIB contraiu 80% em uma década - e a migração de mais de sete milhões de pessoas que fogem da fome e da pobreza.
Também neutralizou qualquer ameaça a seu poder, como a chamada presidência interina de Juan Guaidó, exilado nos Estados Unidos, e agora Machado, a quem o governo acusa de corrupção e de pedir uma invasão estrangeira, embora ela negue.
A reeleição de Maduro em 2018 foi considerada "fraudulenta" pela oposição, que boicotou as eleições, pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos, que impuseram uma bateria de sanções para tentar, sem sucesso, retirá-lo do poder.
"Induzir a erros"
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou o convite para missões de observação da União Europeia e de outros atores, embora até agora não tenha feito um chamado formal.
A inscrição dos candidatos foi marcada para 21 a 25 de março, o que deixa pouca margem para a principal coligação da oposição, a Plataforma Unitária, que insiste em Machado em público enquanto decide nos bastidores quem lançar.
O governo "procura induzir a oposição e a comunidade internacional a erros, especialmente com o controle do calendário eleitoral", explicou à AFP Mariano de Alba, conselheiro do International Crisis Group.