O Hamas se comprometeu, neste sábado (27), a examinar uma contraproposta de Israel, que prevê o estabelecimento de uma trégua na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns sequestrados pelo movimento islamista palestino desde o início da guerra, há mais de seis meses.
"Hoje, o Hamas recebeu a resposta oficial da ocupação sionista [Israel] à nossa posição, enviada aos mediadores egípcios e cataris em 13 de abril", afirmou o número dois da ala política do movimento em Gaza, Khalil al Hayya.
"O movimento estudará esta proposta e enviará sua resposta assim que seu estudo estiver concluído", acrescentou.
As discussões acontecem em meio às pressões internacionais para dissuadir Israel de invadir Rafah, uma cidade no sul de Gaza onde 1,5 milhão de pessoas estão aglomeradas, a maioria deslocados pela guerra.
O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirma que quatro batalhões do Hamas estão na localidade, na fronteira com o Egito, e que a guerra não acabará até que as tropas israelenses consigam extirpar o movimento islamista, considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.
Antes da eventual operação terrestre, o Exército voltou a bombardear Rafah neste sábado. Fontes médicas afirmaram que pelo menos 10 pessoas morreram nos ataques.
Uma família foi dizimada pelos ataques, disse Mohamed Yussef, um parente dos mortos. "Não sobrou ninguém: o pai, a mãe, uma menina e dois meninos morreram quando a casa foi bombardeada", disse.
A guerra começou em 7 de outubro, quando milicianos do Hamas invadiram o sul de Israel e assassinaram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.
Também sequestraram quase 250 pessoas. Após uma troca de reféns por presos palestinos durante uma trégua em novembro, 129 pessoas permanecem em cativeiro, incluindo 34 que as autoridades israelenses acreditam terem morrido.
A ofensiva de represália de Israel deixou mais de 34.300 mortos, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada desde 2007 pelo Hamas.
As negociações de trégua têm a mediação do Catar, Egito e Estados Unidos.
Os detalhes da contraproposta do Hamas não foram divulgados, mas a imprensa israelense noticiou durante a semana que inclui a possível libertação de 20 reféns considerados "casos humanitários".
A guerra em Gaza terá um espaço preponderante no Fórum Econômico Mundial (WEF), que acontecerá no domingo e na segunda-feira em Riade, na Arábia Saudita, com a participação do responsável pela diplomacia dos Estados Unidos, o secretário de Estado Antony Blinken, anunciaram os organizadores.
Também participarão o presidente da Autoridade Palestina (que administra parcialmente a Cisjordânia ocupada), Mahmoud Abbas, e os ministros das Relações Exteriores da Alemanha, França, Reino Unido e Turquia, além dos primeiros-ministros do Catar, Jordânia, Egito e Iraque.
Alguns moradores retornaram para Khan Yunis, cidade do sul de Gaza destruída pelos combates em fevereiro.
"Estamos cansados", afirmou Abdelqader Mohamed Qwaider. "Insistimos em voltar e vamos nos instalar em uma barraca sobre os escombros de nossa casa."
A guerra provocou uma tragédia humanitária na Faixa de Gaza, um território com 2,4 milhões de habitantes, submetido a um severo bloqueio israelense.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) alertou que, sem um fluxo em larga escala e constante de ajuda alimentar, que até o momento entra principalmente por Rafah, Gaza entrará em um cenário de "fome nas próximas seis semanas".
Diante da dificuldade de transportar a ajuda internacional por estradas a partir do Egito devido aos controles rigorosos de Israel, o governo dos Estados Unidos começou a construir um porto temporário e uma doca na costa mediterrânea de Gaza, onde navios militares ou civis poderão deixar suas cargas.
Uma "Flotilha da Liberdade" se prepara para zarpar da costa da Turquia com 5.000 toneladas de mantimentos, mas os organizadores denunciaram neste sábado que estão bloqueadas porque dois navios do grupo foram despojados de suas bandeiras por pressão de Israel.
Um movimento de solidariedade pró-palestinos que começou na semana passada na Universidade Columbia, em Nova York, se propagou por vários campi nos Estados Unidos, da Califórnia à Nova Inglaterra (nordeste), passando pelo sul do país.
Quase 100 manifestantes foram detidos na manhã deste sábado no campus da Universidade Northeastern, em Boston, e o acampamento foi esvaziado pela polícia.
A universidade informou na rede social X que, durante a noite de sexta-feira, os manifestantes proferiram "violentos insultos antissemitas".