Canal do Panamá 'não é uma concessão nem um presente dos Estados Unidos, diz presidente panamenho em Davos

Declaração foi dada como resposta às falas recorrentes de Donald Trump, inclusive em sua posse, de que os EUA vão retomar o controle do canal

Publicado em 22/01/2025 às 9:32
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O Canal do Panamá "não é uma concessão nem um presente" dos Estados Unidos, disse o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, nesta quarta-feira (22) no Fórum de Davos, após a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de "retomar" o controle da hidrovia interoceânica.

Em uma mesa redonda no Fórum Econômico Mundial, na Suíça, Mulino rejeitou "tudo o que o Sr. Trump disse, primeiro porque é falso e, segundo, porque o Canal do Panamá pertence ao Panamá e continuará a pertencer ao Panamá".

"O Canal do Panamá não foi uma concessão ou um presente dos Estados Unidos. O Panamá está avançando, o Panamá não se distrai com esse tipo de pronunciamento", insistiu.

Trump fala retomar controle do canal

Em seu discurso de posse na segunda-feira, Trump reiterou sua intenção de assumir o controle da hidrovia interoceânica.

"A China está operando o Canal do Panamá e nós não o demos à China. Nós o demos ao Panamá e vamos tomá-lo de volta", disse Trump.

No entanto, o presidente panamenho defende, como disse na segunda-feira, que o canal "não foi uma concessão de ninguém", mas o resultado de lutas populares e dos tratados assinados em 1977 pelo então presidente Jimmy Carter, segundo os quais o controle do canal foi entregue ao Panamá em dezembro de 1999.

Por sua vez, a China insistiu novamente na quarta-feira que "não participa da administração e da operação do canal e nunca interferiu nos assuntos do canal", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, nesta quarta-feira.

"Não se pode passar por cima do direito internacional público (...) para impor critérios em uma era muito distante da de Teddy Roosevelt", disse o presidente panamenho em Davos, referindo-se ao presidente dos EUA que supervisionou a construção do canal interoceânico há mais de um século.

Mulino pediu cooperação com Washington em outras questões, principalmente de segurança.

"A partir dessa crise, vamos chamá-la de crise, também deve haver oportunidades de trabalhar em outras questões que nos interessam com os Estados Unidos e nas quais temos trabalhado ao longo do tempo, questões de segurança", disse ele. "Temos um enorme problema de migração na fronteira com a Colômbia", disse ele.

O Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, tem os Estados Unidos e a China como seus dois maiores usuários.

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