OPINIÃO

A invasão por tropas de Moscou do território da Ucrânia e o tom desafiador de comigo-ninguém-pode de Putin

São mundialmente recorrentes as denúncias de que Putin, hoje beirando os 70 anos, não coabita saudavelmente com os preceitos da democracia, inclusive no aspecto da alternância, e que investe com mão de ferro contra a imprensa e adversários políticos.

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GUSTAVO FREIRE

Publicado em 24/02/2022 às 12:20
O presidente russo, Vladmir Putin - ALEXANDER NEMENOV / AFP

Com o passado que tem, inclusive por sua temporada à frente da KGB, de onde se projetou de burocrata a figura central no xadrez político do Kremlin, ninguém poderia duvidar que o Presidente russo Vladimir Putin, há mais de vinte anos no poder (sucedeu Bóris Yeltsin, de quem foi premier), fosse um bastião democrata.

A invasão por tropas de Moscou do território da Ucrânia e o tom desafiador de comigo-ninguém-pode de Putin em pronunciamento público a respeito são somente e simplesmente facetas dessa realidade.

Questões outras à parte, ditaduras (escancaradas ou escamoteadas) são sempre hediondas. Tenham a ideologia que for, estejam vigentes há quanto tempo estiverem. São indefensáveis pois só produzem dores, traumas, mortes inexplicadas e violências outras.

São mundialmente recorrentes as denúncias de que Putin, hoje beirando os 70 anos, não coabita saudavelmente com os preceitos da democracia, inclusive no aspecto da alternância, e que investe com mão de ferro contra a imprensa e adversários políticos.

Só para ficar em dois exemplos, basta conhecer o que vêm enfrentando ou que já enfrentaram a ONG Memorial, pilar da defesa dos direitos humanos na Rússia, e Alexei Navalny, principal voz de oposição a Putin. Definitivamente, um ambiente irrespirável para a ideologia democrata.

A peleja Rússia/Ucrânia remonta a 2014, por causa da anexação do território da Criméia, que havia sido “transferido” à Ucrânia pelo líder soviético Khrushchev em 1954 como um “presente” para fortalecer os laços entre as duas nações. Putin, assim como quem o admira, acredita ser o “escolhido” de superpoderes que o ungiram por alguma energia cósmica qualquer para reescrever a história.

Vale lembrar, finalmente, que o mesmo Putin reverteu, à base também de guerra, a independência da Chechênia, em 2000, e invadiu a Geórgia, em 2008, em apoio aos separatistas russos da Ossétia do Norte.

Os ucranianos são apenas as vítimas mais recentes dessa visão megalômana de poder e essa escolha da guerra. A conferir os próximos capítulos, desde já banhados de sangue civil inocente.



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