Chega-se ao mês de setembro com os cenários do ano passado. O ex-presidente Lula segue com chances de vencer a eleição no 1° turno (1° cenário) e o turno final será disputado entre o candidato do PT e Jair Bolsonaro.
O 3° cenário, o qual recentemente apresentei, adiamento da eleição, está enfraquecido. O 4° cenário, um candidato da 3° via versus Lula, continua remoto.
As recentes pesquisas eleitorais revelam que a eleição deste ano será a do medo. Isto não é novidade. Apresentei essa definição no ano passado.
Lula e o presidente Bolsonaro despertam paixões e ojerizas. O presidente da República para ser reeleito precisa reduzir a sua rejeição. O candidato do PT tem que evitar que a sua rejeição cresça
O aumento da rejeição do Lula não significa a redução da de Bolsonaro. Mas a diminuição ou a estabilidade da rejeição do presidente pode representar a diminuição ou a estabilidade da rejeição do petista.
A menor rejeição e a alta rejeição do presidente Bolsonaro mantêm vivas as chances de a eleição findar no 1° turno.
Um fato novo surgiu na campanha: Simone Tebet atacou o presidente Bolsonaro. Tal escolha, contudo, pode enfraquecer o atual mandatário da República e contribuir para o sucesso de Lula no 1° turno.
Todavia, sem atacar Bolsonaro, Tebet corre o risco de seguir coadjuvante na eleição. A escolha ótima de Ciro é a mesma de Tebet.
Resta ao presidente Bolsonaro atacar Lula. Associar o ex-presidente à corrupção. Essa é a estratégia ótima.
Resta, ainda, o presidente torcer para que a percepção da melhora da economia vá além dos números, isto é: seja reconhecida pelo eleitorado, em particular os das classes D e E.
Tal possibilidade é factível. Porém, ressalto que a inflação de alimentos segue alta, o Auxilio Brasil só aumentou no final do mandato de Bolsonaro, milhões de brasileiros estão inadimplentes, e a fome voltou a ser manchete.
Existem duas boas estratégias para Lula. Despertar intensamente a memória econômica positiva do seu governo e criticar a gestão da pandemia por parte do presidente Bolsonaro.
A primeira estratégia já está sendo muito bem realizada. Importante destacar também que Lula não pode titubear quando o assunto for corrupção.
Precisa reagir com serenidade e firmeza. A eleição segue no mesmo estágio do ano passado. Alerto, contudo, que a oportunidade ótima para Lula é vencer a eleição no 1° turno.
O 2° turno é uma eleição sem favoritos.
Adriano Oliveira – Doutor em Ciência Política. Professor da UFPE. Fundador da Cenário Inteligência.