Cada estágio da vida estabelece condições para o estágio seguinte, desde a concepção da criança. A saúde, a nutrição, o equilíbrio emocional, a genética dos pais, o ambiente que vive, as creches e escolas que frequentam, tudo é muito importante para a criança ter uma vida produtiva e próspera quando adulto. O desenvolvimento infantil é extraordinariamente importante porque é o período inicial da socialização, do desenvolvimento da personalidade e da formação do cérebro.
Os conhecimentos sobre o cérebro e avanços nas ciências comportamentais e sociais possibilitam uma compreensão profunda sobre como as experiências na primeira infância têm impactos duradouros na aprendizagem, no comportamento e na saúde física e mental de uma pessoa. O momento critico e do nascimento ate os cinco anos de idade, quando as principais estruturas do cérebro completam sua formação, construindo os fundamentos das habilidades cognitivas, juntamente com a atenção, motivacão, autocontrole e sociabilidade - as características de caráter necessárias para o sucesso na escola, saude, carreira e na vida.
As boas experiências vividas nesse período, como as interações sociais com vínculos positivos e os cuidados responsivos, são fundamentais para potencializar o desenvolvimento ao longo da vida. Porém, situações adversas de vida da criança podem prejudicar seu desenvolvimento, criando déficits em competências e habilidades que reduzem a produtividade da pessoa quando adulto, aumentam os custos sociais, atesta James Heckman, Nobel em Economia (2000).
As crianças em ambientes vulneráveis vivem em famílias com nível educacional limitado, são pouco estimuladas e mal nutridas, além de que o meio social não contribui para o seu desenvolvimento na escola. Assim sendo, o rendimento escolar é baixo, os déficits de aprendizagem vão se acumulando, provocando um desinteresse pela escola que, muitas vezes, na medida que crescem, leva ao abandono escolar precoce. Esse conjunto de dificuldades prejudica a motivação de avançar para o ensino superior de qualidade que vai possibilitar almejar sucesso profissional e mobilidade social.
Mas condições de saúde, conflitos familiares, pobreza e crime são situações típicas do ambiente em que vivem. Os governos precisam assumir o compromisso de prover essas comunidades com centros de assistência social, saúde, segurança e, fundamentalmente, creches e escolas de qualidade, que ofereçam socialização, estímulos para o desenvolvimento além de alimentação nutritiva e balanceada.
Para colaborar com soluções para esse desafio, há centros de pesquisa extraordinários, entre outros, o Centro de Desenvolvimento da Criança (Center on the Developing Child), da Universidade de Harvard, que tem como missão desenvolver pesquisas inovadoras sobre crianças e famílias.
No Brasil, a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal é parceira desse Centro. Os estudos são realizados em colaboração com uma ampla rede de pesquisadores, objetivando promover um desenvolvimento físico e mental saudáveis da criança, principalmente, as que vivem em ambientes adversos. Ela é parceira também da organização, Todos pela Educação, e ambas oferecem publicações significativas, para colaborar com o bom desenvolvimento infantil, entre outras: Política Nacional Intersetorial para a Primeira Infância, Primeiríssima Infância
Outras organizações também têm publicações e orientações que agregam valor ao desenvolvimento infantil, entre outras: Rede Nacional Primeira Infância, Rede Nossa São Paulo, UNICEF, World Bank, World Health Organization, Lego Foundation. Há também programas como o Abecedariam e Fios de Brincar.
Cuidar bem do desenvolvimento infantil é um processo holístico e impacta positivamente o futuro de uma nação. Deve ser política prioritária dos governos municipais, estaduais, e federal.
Eduardo Carvalho, Harvard University Fellow